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Procuro exercer a política, hoje tão aviltada, nos termos em que a concebia Aristóteles, como a mais nobre das atividades humanas. Acredito na política e creio que só ela é capaz de solucionar os problemas que ela mesma cria.
Vejo o Brasil diante de uma daquelas encruzilhadas históricas que definem por gerações o destino das nações. O colapso institucional –natureza da presente crise– é também a oportunidade de refundar a República, em bases mais sólidas, do ponto de vista moral e estrutural.
A crise acordou a sociedade, que se tornou participativa, atuante, manifestando-se nas redes sociais, hoje convertidas em tribuna livre da cidadania. É ali que o embate eleitoral já está sendo travado. Com todas as impurezas decorrentes do facciosismo que invadiu as redes, há a voz do cidadão comum, até há pouco um ente passivo, que hoje se faz ouvir. E ai de quem o ignorar!
O grande vilão do desconcerto que vivemos –político, econômico, social e moral– é o Estado hipertrofiado, disfuncional e ingovernável, paraíso dos que chegam à vida pública não para servir, mas para delinquir. O ambiente tornou-se convidativo.
O que temos assistido nos últimos tempos –13 anos e meio da era PT e o ano e meio de governo Temer– é a potencialização, num grau impensável, de mazelas históricas. Corrupção sempre houve, mas não na escala que se estabeleceu, sistêmica, que banalizou o bilhão e até o trilhão.
O que já veio à tona até aqui –e ainda há mais por vir– nos coloca como campeões mundiais em corrupção. O que se desviou é superior ao PIB de muitos países.
A lenda de que o PT tirou milhões da pobreza é outra balela recentemente desmentida: pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sustenta o contrário.
Entre 2014 e 2015, segundo mandato de Dilma Rousseff, nada menos que 4,1 milhões de brasileiros ingressaram na linha da pobreza. Desse total, 1,4 milhão está na extrema pobreza. Na miséria. Os dados fazem parte do Radar IDHM, estudo feito pelo Ipea com base nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE.
Somem-se a esses dados os 14 milhões de desempregados, que os petistas querem lançar na conta de Michel Temer. Faria sentido apenas se se considerasse que Temer foi vice de Dilma e apoiou todos os governos petistas, sendo assim, ainda que figurativamente, parceiro na construção dessa tragédia.
O Brasil é ainda campeão mundial em homicídios (cerca de 70 mil por ano) e exibe os piores índices de desempenho escolar. É esse o passivo que temos de resolver. Os números assustam, mas o Brasil é bem maior que seus problemas. Há saída.
O diagnóstico é o ponto de partida para a terapêutica. Já o temos. Reformando o Estado, tornando-o mais enxuto, transparente e funcional, daremos um grande passo para reorganizar o país.
A equação é simples; consiste em tornar o Estado servidor da sociedade.