O presidente da Itália, Sergio Mattarella, dissolveu nesta quinta-feira (28) o Parlamento, que chegaria em breve ao fim de seu mandato, lançando oficialmente a campanha para eleições legislativas anunciadas para 4 de março.
Há o temor de que a nova eleição tenha como resultado um Parlamento sem clara maioria, com os votos divididos entre a direita tradicional, a centro-esquerda do premiê Paolo Gentiloni e os populistas do Movimento 5 Estrelas.
Max Rossi - 28.dez.2017/Reuters | ||
O premiê italiano, Paolo Gentiloni, participa de entrevista coletiva de fim de ano em Roma |
Por volta do meio-dia, Gentiloni foi para o Palácio do Quirinal, sede do Executivo, para anunciar que com a adoção do Orçamento de 2018, o trabalho do Parlamento, eleito em fevereiro de 2013, estava concluído.
Segundo um ritual estabelecido, Mattarella recebeu em seguida o presidente do Senado, Pietro Grasso, e a presidente da Câmara de Deputados, Laura Baldrini, para comunicar-lhes a intenção de dissolver as duas câmaras.
Em seguida, Gentiloni retornou ao Quirinal para referendar o decreto de dissolução, antes de voltar ao Palácio Chigi, sede da chefia de governo, para presidir o Conselho de Ministros.
O premiê minimizou os temores de instabilidade. "Não devemos dramatizar o risco de instabilidade, estamos bem inoculados contra ele", afirmou Gentiloni, se referindo às frequentes mudanças de governo na Itália. Para ele, outros países europeus passaram por "uma 'italianização' dos seus sistemas políticos".
A Alemanha vive um impasse nas negociações para uma coalizão que permita à chanceler Angela Merkel governar em seu quarto mandato. Portugal e Espanha passam por governos de minoria, enquanto o Reino Unido está envolto nas negociações do "brexit", sua saída da União Europeia.
Mas a Itália, terceira economia da zona do euro, e detentora da segunda maior dívida pública da zona, se encontra em um cenário particularmente vulnerável. O crescimento da economia se mantém como um dos menores da Europa.
Terceiro chefe de governo desta legislatura, depois de Enrico Letta e Matteo Renzi, Gentiloni deve permanecer no cargo até a posse do novo Parlamento. Seu mandato poderia, inclusive, se prolongar, enquanto as incertezas permanecerem no período pós-eleitoral.