Puxada mais uma vez pelo aumento no número de vagas informais, a taxa de desemprego no trimestre encerrado em novembro recuou para 12%, segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua Mensal, divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE. Em outubro, o indicador do mercado de trabalho havia ficado em 12,2%, quando o desemprego atingiu 12,7 milhões de brasileiros. No mesmo trimestre do ano passado, a taxa havia ficado em 11,9%.
Em relação ao trimestre imediatamente comparável, o resultado de novembro é 0,6 ponto percentual menor - em agosto a taxa havia ficado em 12,6%. O número de pessoas desempregadas ficou em 12,6 milhões de pessoas, queda de 4,1% ou menos 543 mil pessoas em relação ao trimestre encerrado em agosto.Comparado ao trimestre encerrado em novembro do ano passado, no entanto, houve alta de 3,6% no grupo de desempregados, ou mais 439 mil pessoas procurando trabalho este ano.
- Essa queda da taxa se dá em função do aumento da ocupação, em quase 900 mil pessoas em relação a agosto. Mas essa ocupação que aumenta é em postos sem carteira de trabalho, pois segue caindo o emprego com carteira assinada. Então esse aumento da ocupação se dá em função da criação de vagas precárias, de baixa remuneração, sem proteção das leis trabalhistas - explica Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Azeredo ressalta que o trabalho doméstico, que também paga dos mais baixos salários, segue crescendo, tanto em relação a agosto quanto a novembro do ano passado.
- O aumento do emprego doméstico, neste momento, tem muito mais a ver com a falta de opção da pessoa em conseguir outro emprego do que em melhora de rendimento da família, proporcionando essa contração. Cerca de 92% dessas pessoas são mulheres, mais de 60% são pretos e pardos, a maior parte são pessoas com mais idade e cerca de dois terços desses seis milhões de domésticos trabalham sem carteira assinada. Por isso, não vejo esse aumento como algo positivo no cenário do mercado de trabalho, ele atinge populações que entram no mercado de trabalho em desvantagem - complementou o coordenador do IBGE.
A população ocupada foi estimada em 91,9 milhões. Cresceu 1% em relação ao trimestre anterior ou mais 887 mil pessoas. Esse grupo não é tão grande desde dezembro de 2015, antes da crise do mercado de trabalho se aprofundar, quando haviam 92.245 milhões de pessoas trabalhando. Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, quando este grupo somou 90,2 milhões de pessoas, a alta foi de 1,9% ou mais 1,7 milhão de pessoas.
O número de empregados com carteira de trabalho assinada ficou em 33,2 milhões - estável frente ao trimestre anterior (junho-julho-agosto). No confronto com o trimestre de setembro a novembro de 2016, houve queda de 2,5% (menos 857 mil).
Já o número de empregados sem carteira de trabalho assinada foi estimado em 11,2 milhões de pessoas - cresceu 3,8% em relação ao trimestre anterior (mais 411 mil pessoas). Comparado ao mesmo trimestre de 2016, subiu 6,9% (mais 718 mil pessoas).
A categoria dos trabalhadores por conta própria (23 milhões de pessoas) ficou estável na comparação com o trimestre junho-julho-agosto. Em relação ao mesmo período de 2016, houve alta de 5% (mais 1,1 milhão de pessoas).
Nas duas comparações, em relação ao trimestre encerrado em agosto deste ano e ao fechado em novembro do ano passado, só houve queda na população ocupada no setor de agricultura e pecuária. Neste segmento, houve destruição de 380 mil vagas, em um ano, num grupo que hoje tem 8,9 milhões de trabalhadores. A ocupação na indústria ficou estável em relação a agosto e cresceu em 394 mil pessoas em relação a novembro de 2016. A ocupação na construção civil ficou estável nas duas comparações e no comércio cresceu em 223 mil pessoas em relação a agosto e ficou estável em relação a novembro do ano passado.
Rendimento fica estável, mas massa total sobe
O rendimento médio real habitual foi estimado em R$ 2.142 no trimestre encerrado em novembro. Manteve estabilidade frente ao trimestre anterior (R$ 2.122) e, também, em relação ao mesmo trimestre de 2016 (R$ 2.087).
A massa de rendimento real habitual (R$ 191,9 bilhões) no trimestre encerrado em novembro de 2017 cresceu 2% (mais R$ 3,7 bilhões) em relação ao trimestre de junho a agosto. Frente ao mesmo trimestre de 2016, houve aumento de 4,5% (R$ 8,2 bilhões).
Segundo Azeredo, o aumento da ocupação via empregos informais, que pagam os piores salários, explica a estabilidade na renda média do trabalhador brasileiro, assim como as negociações entre patrões e empregados para manter salários sem reajustes ou com reajustes baixos, por conta da conjuntura econômica, que ainda ensaia uma recuperação. A massa de rendimentos, que representa o total recebido por todos os trabalhadores brasileiros, sobe, no entanto, porque há mais gente empregada.
- A massa de rendimento é marca importante no mercado, porque baixa quantidade de dinheiro circulando significa menos pessoas comprando, consumindo. Essa massa aumentando, esse ciclo começa a melhorar, para o comércio e todos os outros setores que dependem de consumo - completou Azeredo.
Os dados da pesquisa consideram tanto os emprego formais quanto os informais. Há dois dias, o Ministério do Trabalho, por por meio do banco de dados Caged, informou que neste mesmo mês, com relação a somente os empregos formais, o país destruiu mais de 12 mil vagas, depois de sete meses de resultados positivos.
A previsão dos analistas é que, na média deste ano, o desemprego fica na casa dos 12%. No ano passado, encerrou em ficou em 11,5%, depois de atingir 8,5% em 2015.