
Com O Globo e AFP
Rex Tillerson chefiará diplomacia com Departamento de Estado dividido internamente
WASHINGTON — O Senado dos Estados Unidos aprovou na quarta-feira a escolha do presidente Donald Trump para o cargo de secretário de Estado, o ex-presidente da Exxon Mobil Rex Tillerson. Apesar de o Senado viver um briga entre republicanos e democrata, ele foi aprovado por 56 votos a 43. Agora, Tillerson terá o desafio de minimizar os conflitos internos no organismo provocados pela ruptura total com as políticas de Barack Obama.
— É hora de trazer um foco límpido às relações exteriores — disse Trump na cerimônia de posse de Tillerson, na noite de quarta-feira, no Salão Oval da Casa Branca.
Tillerson, que não tem experiência em cargo público, recebeu o apoio de quatro senadores democratas. Sua função era um dos mais importantes cargos do gabinete de Trump à espera de confirmação pelo Senado, já que o secretário de Estado é o quinto na linha de sucessão da Casa Branca em caso de ausência das demais autoridades, além de chefiar toda a política externa do presidente.
Numa primeira etapa, a votação sobre Tillerson na Comissão de Relações Exteriores foi de 11 votos a favor e 10 contra, com os republicanos do comitê aprovando Tillerson, e os democratas se opondo à sua nomeação.
O indicado à chefia da diplomacia americana vem sendo questionado por sua relação com o presidente russo, Vladimir Putin, de quem ganhou a medalha da Ordem da Amizade em 2013). Como ex-presidente da petroleira, ele fez negócios com países controversos, além de ter sido questionado por suas ações ambientais.
Trump escolheu o executivo texano de 64 anos afirmando que agora “os americanos voltam a ter um líder de classe mundial trabalhando por eles”, de acordo com nota da equipe de transição.
Tilllerson é acusado de conflitos de interesses porque a empresa tenta chegar a um novo acordo multimilionário com os russos. No Senado, no entanto, afirmou que a Rússia “representa um perigo” e que dificilmente os dois países serão amigos.

DEPARTAMENTO DIVIDIDO
Tillerson assuma um Departamento de Estado visivelmente dividido após o decreto assinado na última sexta-feira (27) pelo presidente Trump e que estabelece uma nova e rígida política para refugiados e imigrantes.
O decreto de Trump suspende por 120 dias a entrada de refugiados - exceto para os refugiados procedentes da Síria, para os quais o prazo é indefinido - e por 90 dias o ingresso de cidadãos de Iraque, Irã, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen, países de maioria muçulmana.
A medida deflagrou protestos em massa em todo o país e uma onda de indignação ao redor do mundo, que encontrou eco nos mais diversos organismos americanos.
Um número não revelado de diplomatas e de funcionários da pasta preparou um documento distribuído internamente no Departamento de Estado, discordando da nova política manifesta no decreto assinado por Trump.
O Departamento de Estado possui um mecanismo formal, chamado "Canal de Dissenso", pelo qual diplomatas podem registrar seu incômodo diante do impacto que uma decisão oficial possa ter na Política Externa do país.
Já no início desta semana, quando se tornou público que o documento - de conteúdo reservado - estava circulando, a Casa Branca mandou uma mensagem que não deixou dúvidas: o presidente Trump espera que os diplomatas cumpram as instruções, ou busquem outro emprego.
"Esses burocratas de carreira têm problemas com isso? Considero que devem seguir o programa, ou sair. Isso se refere à segurança dos Estados Unidos", declarou o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer.
Na opinião do porta-voz da Presidência, "a maioria dos americanos está de acordo com o presidente" sobre a necessidade de manter o país seguro.