Bela Megale e Letícia Casado - Folha de São Paulo
A Odebrecht assinou no início desta semana um termo de colaboração preliminar com as autoridades da Colômbia.
A intenção da justiça do país é que a empresa revele atos de corrupção que cometeu na Colômbia envolvendo obras e agentes públicos, e que também pague uma multa. Dessa maneira, o grupo baiano continuaria com permissão para atuar no país.
Na quinta-feira (5), a Odebrecht do Peru anunciou que firmou um acordo preliminar com os Ministério Público daquele país no qual se comprometeu a pagar 30 milhões de soles peruanos, cerca de R$ 28 milhões no câmbio atual.
Segundo investigadores peruanos, o termo ainda não incluiu conteúdos que serão revelados pela empresa.
De acordo com o DOJ (Departamento de Justiça) dos Estados Unidos, a Odebrecht gerou mais de US$ 11 milhões em propinas na Colômbia entre 2009 e 2014 com o objetivo de conseguir assinar contratos com o governo federal.
Com esses pagamentos, a Odebrecht conseguiu obter benefícios superiores a US$ 50 milhões.
As informações fazem parte do acordo de leniência que a empreiteira assinou com os americanos em dezembro, juntamente com os procuradores brasileiros e suíços.
Em um documento, o DOJ diz que, entre 2009 e 2010, a Odebrecht pagou uma propina no valor de US$ 6,5 milhões a um agente do governo em troca de auxílio para conquistar um contrato público.
O pagamento foi operacionalizado por meio do Departamento de Operações Estruturadas da Odebrecht, apontado pelos investigadores da Lava Jato como "departamento da propina".
A Odebrecht atua na Colômbia desde 1992. Segundo o site da empresa, ela foi responsável por executar projetos como a ferrovía La Loma Santa Marta, a hidrelétrica La Miel, além de plantas de tratamento de águas e a Central Termoeléctrica Termoemcali.
Hoje, o grupo baiano atua na construção de setores da Rota do Sol, que unirá Colômbia e Caribe, conectando o interior do país por via terrestre e fluvial.
OUTROS ACORDOS
O acordo na Colômbia faz parte de uma série de tratativas que a Odebrecht vem negociando em países do exterior onde atuou, principalmente na América Latina.
A ideia é que com esses acordos a empresa não seja proibida de continuar trabalhando onde tem obras em andamento.
Em dezembro, o governo peruano decidiu proibir a participação da Odebrecht em obras públicas. Na terça (3), o Equador também determinou que órgão públicos não contratem a empreiteira. E o Panamá impediu o grupo baiano de participar de licitações.