Pablo Martinez Monsivais/Associated Press | |
Donald Trump com seu filho caçula, Barron, em cerimônia da posse |
DA BBC BRASIL
Como figura pública, o presidente dos Estados Unidos é alvo frequente de críticas nas redes sociais. Mas deveria haver um limite quando se trata de seus filhos?
O caçula de Donald Trump, Barron, tem sido alvo de bullying virtual desde que seu pai anunciou a candidatura à presidência dos Estados Unidos.
Os ataques causaram revolta nas redes sociais, com internautas defendendo que um menino de 10 anos não deveria ser mencionado em discussões políticas.
Nesta terça-feira (24), a Casa Branca emitiu um comunicado citando "uma antiga tradição de que os filhos dos presidentes usufruam da oportunidade de crescer fora do jogo político".
O texto não faz menção ao nome do presidente Trump nem do seu filho, mas pede que "essa tradição seja preservada".
A mensagem chegou após uma menção ao filho de Trump pela apresentadora Katie Rich, do programa Saturday Night Live, que publicou um tuíte —já deletado— afirmando que "Barron será o primeiro franco-atirador do país a aprender o ofício em casa".
Algumas pessoas ficaram furiosas com o comentário, mesmo espectadores fieis do programa, que exigiram a demissão da apresentadora e um boicote ao Saturday Night Live.
A apresentadora se desculpou pela falta de sensibilidade e, segundo a imprensa dos EUA, a rede de televisão americana NBC anunciou na última terça-feira (24) sua suspensão, por tempo indeterminado.
Uma publicação do Facebook sobre o assunto foi compartilhada mais de um milhão de vezes. A usuária Melissa Earnest, seguidora de Trump, afirmou que "nenhuma criança merece ser tratada dessa forma".
E o post segue: "Então a família pode ser boa ou ruim, mas é o filho de dez anos deles. Ele está apenas crescendo, e as palavras podem machucar".
Quando Trump venceu as eleições em 8 de novembro do ano passado, o menino foi alvo de bullying após aparecer com uma expressão de aparente aborrecimento.
Estar em constante exposição é uma das características que vem junto com o papel de ser filho do presidente dos Estados Unidos. Assim como Barron, filhos de outros presidentes também foram alvos de comentários negativos.
CHELSEA CLINTON
Chelsea, a única filha do ex-presidente Bill Clinton e da ex-secretária de Estado Hillary Clinton, se uniu na rede de apoio a Barron, mas no mesmo tuíte criticou Trump, afirmando que "defender todas as crianças também significa se opor às políticas do presidente que quer prejudicar as crianças".
Chelsea Clinton tinha 12 anos quando seu pai se tornou presidente e a família se mudou para a Casa Branca.
As redes sociais ainda não existiam na época, mas em 1993 ela também foi alvo de insultos por causa de sua aparência.
O apresentador de rádio conservador Rush Limbaugh a comparou a um cachorro, e o programa Saturday Night Live fez um quadro de humor zombando dela.
Na época, o produtor-executivo do programa, Lorne Michaels, se desculpou publicamente e afirmou que Chelsea "era uma menina que não escolheu ser uma pessoa pública".
Na ocasião, o presidente Clinton afirmou à revista People que apesar de não se importar que ele fosse alvo de brincadeiras em um show de comédia, sentiu que era "muito insensível rir de uma adolescente".
MALIA E SASHA OBAMA
As filhas do ex-presidente Barack Obama também foram alvo de abusos cibernéticos durante o mandato de oito anos do pai.
Há dois anos, quando Sasha tinha 13, e Malia, 16, elas foram mencionadas por uma usuária do Facebook que pediu que elas "mostrassem um pouco mais de classe".
A autora era Elizabeth Launten, diretora de comunicação de um congressista americano, e ela se referia ao comprimento das saias das meninas: "vistam-se como se merecessem respeito".
Como resposta, dezenas de pessoas escreveram ao chefe de Lauten e popularizaram o hashtag #demitamElizabethLauten no Twitter. Lauten se desculpou publicamente e, mais tarde, renunciou ao cargo.
Quando a filha mais velha de Obama, Malia, foi admitida na prestigiosa Universidade de Harvard, o site da rede de televisão Fox News teve que apagar uma série de comentários de leitores que a ofenderam por ser negra.
JENNA E BARBARA BUSH
As gêmeas Jenna e Barbara tinham 19 anos quando o pai, George W. Bush, foi eleito presidente dos Estados Unidos.
Quatro anos depois, a revista Maxim decidiu fazer uma fotomontagem das jovens em corpos de modelos com roupas íntimas.
O editor da publicação, James Henidery, disse na ocasião que colocar as irmãs Bush na revista foi " a primeira sugestão que todos lançaram à mesa".
A chefe de imprensa da então primeira dama Laura Bush não fez comentários sobre a publicação.
AMY CARTER
Amy, a única filha do ex-presidente Jimmy Carter, tinha 9 anos quando seu pai se tornou presidente, em 1977.
A pequena foi a primeira menor de idade a morar na Casa Branca desde a presidência de John F. Kennedy, na década de 1960.
Logo depois, a personalidade introvertida começou a aparecer nos jornais de forma negativa.
Um repórter alemão criticou que ela lia livros para se entreter em eventos oficiais e a descreveu como "perpetuamente cansada".
O jornal Toledo Blade, do Estado de Ohio, chegou a publicar em 1980: "Amy recebeu muitas críticas, muitas mais do que uma criança é capaz de suportar".