terça-feira, 21 de maio de 2019

Bolsonaro se reúne com executivo da Globo

Na escalada da crise que levou à demissão do ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gustavo Bebianno, o presidente Jair Bolsonaro cobrou fortemente o então subordinado por ter marcado uma reunião no Palácio do Planalto com Paulo Tonet Camargo, vice-presidente institucional do Grupo Globo, no dia 12 de fevereiro. Em áudios de WhatsApp revelados por VEJA, Bolsonaro disse a Bebianno, antes do encontro, que ele levaria o “inimigo para dentro de casa” e que as outras emissoras poderiam entender a agenda como uma aproximação do governo com a Globo.
“Cancela, não quero esse cara aí dentro, ponto final”, exigiu Bolsonaro – ignorando que, dias antes, os ministros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Augusto Heleno, e da Secretaria de Governo, general Santos Cruz, já haviam recebido o executivo no Planalto. Gustavo Bebianno obedeceu e não se reuniu com Tonet.
Pois nesta terça-feira, 21, Bolsonaro se reuniu na sede do governo justamente com… Paulo Tonet Camargo (veja aqui o compromisso, marcado na agenda oficial do presidente). Do encontro, que durou das 16h às 16h30, também participaram o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, e o empresário Vicente Jorge Rodrigues.
Relembre o áudio enviado por Jair Bolsonaro a Gustavo Bebianno:
Tocador de áudio
“Gustavo, o que eu acho desse cara da Globo dentro do Palácio do Planalto: eu não quero ele aí dentro. Qual a mensagem que vai dar para as outras emissoras? Que nós estamos se aproximando da Globo. Então não dá para ter esse tipo de relacionamento. Agora… Inimigo passivo, sim. Agora… Trazer o inimigo para dentro de casa é outra história. Pô, cê tem que ter essa visão, pelo amor de Deus, cara. Fica complicado a gente ter um relacionamento legal dessa forma porque cê tá trazendo o maior cara que me ferrou – antes, durante, agora e após a campanha – para dentro de casa. Me desculpa. Como presidente da República: cancela, não quero esse cara aí dentro, ponto final. Um abraço aí.”

João Pedroso de Campos, Veja