WASHINGTON - A rede de TV americana em espanhol Univision informou nesta quinta-feira, 30, ter conseguido obter uma cópia da entrevista que seu jornalista Jorge Ramos fez com o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, mas foi confiscada depois que o chavista se irritou com uma pergunta e interrompeu a conversa em Caracas.
“Você veio me provocar? Você vai engolir tua provocação. Vai engolir tua provocação com Coca-Cola”, disse Maduro a Ramos em um trecho da entrevista que foi ao ar hoje. A íntegra da conversa, que durou 17 minutos, será exibida no domingo.
Maduro se irritou quando o jornalista lhe entregou uma lista com os nomes de 400 dos 989 presos políticos que as organizações não governamentais contabilizam na Venezuela.
Depois que a entrevista foi interrompida, o ministro das Comunicações da Venezuela, Jorge Rodríguez, confiscou todos os equipamentos da equipe. O grupo de seis jornalistas da emissora ficou retido no Palácio de Miraflores por cerca de duas horas e meia antes de deixar o país.
Após o episódio, Rodriguez disse pelo Twitter que o governo da Venezuela não se presta a “shows baratos” e sugeriu que o governo americano tentou usar os jornalistas para “inventar um novo falso positivo”.
A Univision anunciou que vai veicular a entrevista, realizada no dia 25 de fevereiro, como uma maneira de desafiar a “censura extrema do regime” de Maduro. Ela explicou que, desde então, vinha tentando recuperar o vídeo. O presidente da emissora, Daniel Coronell, explicou que tentou de tudo, incluindo contato com funcionários de alto escalão do regime e diplomatas de diferentes países, que tentaram ajudar.
“Foi quando fontes confidenciais ofereceram um plano para recuperar a entrevista. Trabalhamos com eles e colocamos toda nossa energia nesse plano, uma decisão que levou a esse resultado positivo”, informou, em entrevista à Forbes.
Jorge Ramos já teve problema com outro presidente, o americano Donald Trump, que o expulsou de uma entrevista coletiva. Em agosto de 2015, quando ainda era pré-candidato à Casa Branca, Trump se irritou quando ele abordou seu plano para expulsar 11 milhões de imigrantes que vivem ilegalmente nos EUA. Foi quando o republicano sinalizou para um de seus seguranças retirá-lo da sala. / EFE e REUTERS
O Estado de S.Paulo