A vereadora de Recife Marília Arraes prometeu discutir até as "últimas instâncias" a decisão da executiva nacional do PT de retirar a sua candidatura ao governo de Pernambuco. Um grupo de oitos dirigentes nacionais da legenda que votou contra a aprovação do acordo apresentou recurso para que o diretório nacional reverta a decisão.
— É uma candidatura da base do PT, que hoje tem o apoio massivo da sociedade de Pernambuco. Não é assim. Marília Arraes não tem o direto de recuar e colocar a esperança das pessoas em uma mesa como moeda de troca a preço de banana. Por considerarmos que não depende só da vontade de uma pessoa, optamos por apoiar o recurso dos companheiros e essa questão vai ser discutida até as últimas instâncias — afirmou a pré-candidata.
Marília destacou que "para tirar o PT do isolamento" no plano nacional havia aceitado desistir da disputa se houvesse um apoio formal à candidatura do ex-presidente Lula. Mas, na sua opinião, em troca da neutralidade do PSB não há sentido em deixar de disputar a eleição.
— Nós discordamos dessa tática.
A vereadora disse que está mantido para esta quinta-feira o encontro sobre tática eleitoral em que delegados do PT no estado vão decidir pela candidatura própria ou pela aliança com o governador Paulo Câmara (PSB).
Marília afirmou ainda não acreditar que Lula tenha referendado a retirada de sua candidatura. Ela lembrou que o PSB, com participação de Câmara, apoiou o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
— Os sinais do presidente Lula (em favor da candidatura do PT em Pernambuco) foram claros. Temos as condições políticas de fazer a defesa de Lula. Paulo Câmara, que articulou para ser liberado para votar pelo impeachment e votou em Aécio Neves (PSDB), não tem as condições política de fazer a defesa do presidente Lula.
Mais cedo, quando surgiram as primeiras informações sobre o acordo, mas ainda não havia uma posição oficial da executiva nacional, Marília disse ser vítima de um "ataque especulativo" contra a sua candidatura.
A executiva nacional do PT aprovou nesta quarta-feira por 17 votos a 8 resolução para apoiar os candidatos do PSB em Pernambuco, Amazonas, Amapá e Paraíba.
No recurso apresentado, os oito diregentes de correntes de esquerda que votaram contra a resolução alegam que a "candidatura de Marília Arraes encontra-se empatada com os demais concorrentes e, pelas pesquisas, pode ser vitoriosa no primeiro e no segundo turno".
Dizem ainda que o "resultado concreto das negociações com o PSB resultaram no não apoio formal nacional e, portanto, não está dentro do que pode ser considerado dentro dos interesses partidários para vencer as eleições 2018".
— Os delegados e delegadas aos encontros têm soberania para decidir. A executiva nao pode e nao deve intervir previamente — afirmou o secretário de comunicação do PT Carlos Árabe, um dos que votaram contra a resolução.
— Os delegados e delegadas aos encontros têm soberania para decidir. A executiva nao pode e nao deve intervir previamente — afirmou o secretário de comunicação do PT Carlos Árabe, um dos que votaram contra a resolução.
O ex-governador Tarso Genro também criticou a retirada de Marília. "Peço a Deus e às forças do além, que eu não esteja entendendo bem que foi feito um acordo PT-PSB, que descarta a candidatura da Marília Arraes ao Governo de Pernambuco, o grande quadro renovador da esquerda do nordeste", escreveu no Twitter.
Sérgio Roxo, O Globo