sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Léo Pinheiro, da OAS, coloca seus imóveis em Miami à venda para arcar com a multa mais cara da história da Lava Jato


Quando saiu da prisão, em abril de 2015, Léo Pinheiro, sócio e ex-presidente da OAS, sabia que teria de adotar um estilo de vida mais modesto. Sem permissão para deixar o Brasil, o empreiteiro se viu obrigado a abrir mão de passar as festas de fim de ano em um de seus dois apartamentos em Miami ou em outro destino da moda no exterior, como era de praxe. Contentou-se com a liberdade e a opção de curtir sua mansão de quatro suítes em um condomínio de luxo em Maresias, no litoral norte de São Paulo.

Agora a casa na praia assim como os apartamentos em Miami saíram de vez da lista de opções do empreiteiro. Além de ter voltado para a prisão em novembro de 2017 e estar, desde então, detido na sede da Polícia Federal em Curitiba, Pinheiro colocou à venda recentemente os três imóveis. O principal motivo foi o rompimento dele com os donos da OAS, os irmãos César Mata Pires Filho e Antonio Carlos Mata Pires.

Preocupados com a delação premiada que o empreiteiro tenta fechar há mais de dois anos com a Procuradoria-Geral da República, os Mata Pires bancavam não só as despesas de Pinheiro com os advogados, mas também custos de sua família.

No entanto, os procuradores endureceram a negociação e só aceitaram dar andamento às tratativas se o empresário relatasse também os crimes que envolveram os donos da empreiteira. Pinheiro resistiu, mas se viu sem saída para reconquistar a liberdade e contou, em parte dos seus 131 anexos apresentados até agora, a atuação dos irmãos.

César Mata Pires Filho, segundo o candidato a delator, estava ligado à aprovação de pagamentos lícitos e ilícitos, e Antonio Carlos Mata Pires envolvido em negociatas ligadas a investimentos com dinheiro público, como os fundos de pensão.

Além de não ter mais as dívidas pagas pelos donos da OAS, Pinheiro conta com outro agravante que fez sua conta ficar ainda mais no vermelho: a multa que negocia com os procuradores e que nas últimas reuniões alcançou a “bagatela” de R$ 75 milhões. O valor é quase o mesmo da sanção aplicada a Marcelo Odebrecht, que chegou a R$ 70 milhões, até hoje a mais alta aplicada a um empreiteiro nos quatro anos em que a Lava Jato está em curso. O tempo em que o ex-presidente da OAS ficará preso também supera o do herdeiro da Odebrecht. Enquanto Marcelo tem dez anos de pena no total, incluindo a progressão de regimes, Léo cumprirá 13 anos, sendo três anos no fechado, três em prisão domiciliar, três em regime semiaberto e três em regime aberto (o tempo total chega a 13 anos, contando-se os meses em cada pena).

Caso a negociação avance e Pinheiro assine o acordo, terá de enfrentar um novo desafio: uma maneira honesta de ganhar muitos milhões para garantir a manutenção de sua liberdade.

O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro - Reprodução / Agência O Globo


Bela Megale, Epoca