O sucesso do leilão das distribuidoras da Eletrobras que operam no Acre, em Roraima e em Rondônia, nesta quinta-feira, representa um alívio para o governo, para a estatal e, em alguma medida, para todos os consumidores de energia do país. O governo tenta vender seis empresas de energia que operam no Norte e Nordeste desde 2016.
O prazo dado para a conclusão de todo o processo foi o fim deste ano. A alternativa à privatização é o fechamento das empresas. Esse cenário teria um custo total de R$ 23 bilhões para liquidar as companhias, pagar as dívidas e demitir os trabalhadores. Além disso, o governo não tem ideia de como manter o fornecimento de energia para os mais de 13,3 milhões de moradores dessas regiões, caso as distribuidoras fossem fechadas.
Além das que foram negociadas nesta quarta-feira, o governo já conseguiu encontrar comprador para a empresa do Piauí.
Mas a União ainda tem um desafio pela frente. É preciso vender duas empresas: a de Alagoas e do Amazonas. A primeira é considerada atrativa para investidores, mas está com processo suspenso por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do governo de Alagoas. Já a empresa do Amazonas é, de longe, a mais problemática, com os maiores prejuízos e dívidas. O custo calculado pela Eletrobras em caso de fracasso das duas privatizações é de R$ 14,7 bilhões.
Todas as seis empresas foram federalizadas na década de 1990. O saldo de anos de má-gestão, prejuízos e perdas operacionais é uma dívida de mais de R$ 35 bilhões. Elas estão entre as piores distribuidoras, segundo ranking de eficiência da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Os problemas de eficiência e os prejuízos das empresas acabam sobrando para todos os consumidores. Isso porque grande parte dos gastos são bancados por meio de subsídios pagos na conta de luz. A Aneel deve aumentar esses gastos em R$ 1,6 bilhão neste ano.
Por isso, a expectativa de melhoras operacionais com a entrada de novos sócios beneficia todo o setor elétrico nacional.
Manoel Ventura, O Globo