Coordenador da frente parlamentar de segurança pública, a chamada "bancada da bala", o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) não vai mais apoiar o presidenciável Jair Bolsonaro (PSL). Em uma reviravolta nas articulações no Distrito Federal Fraga virou candidato a governador, fechou uma coligação com Izalci Lucas (PSDB) para o Senado e vai abrir seu palanque para Geraldo Alckmin.
— Vou apoiar o Alckmin, se o Izalci estiver comigo. Se ele não tiver comigo, volto para minhas origens e vou ficar com o Bolsonaro. Mas eu tenho que seguir a orientação partidária. E não tem problema em apoiar o centrão. Isso foi bem discutido no diretório. O acordo é esse, de apoiar o Alckmin — disse Fraga ao GLOBO.
Fraga era um dos principais articuladores de Bolsonaro no Congresso. Ele chegou a reunir dezenas de deputados em sua residência em Brasília em um evento com o presidenciável. O coordenador da bancada da bala, porém, criticava internamente o fato de Bolsonaro não ter conseguido alianças que lhe garantissem pontes com a política tradicional.
Fraga discorda do entendimento do presidenciável de que é possível chegar ao segundo turno com campanha apenas nas redes sociais. Apesar das discordâncias, ele seguia apoiando o candidato do PSL e chegou a publicar uma foto com elogios a Bolsonaro no dia da convenção do presidenciável. A mudança ocorreu, principalmente, devido a circunstâncias locais da eleição no Distrito Federal.
O candidato oficial de Bolsonaro ao governo do Distrito Federal será general Paulo Chagas, do nanico PRP, mesma legenda que negou apoio ao presidenciável para o pleito nacional.
Fraga seria candidato ao Senado, mas em um acordo costurado pelo ex-governador José Roberto Arruda (PR) fechou a coligação com Izalci. O movimento gera uma divisão da base de apoio a Alckmin no Distrito Federal. Até então buscava-se uma aliança que reunisse o PSDB com os partidos do centrão, mas o lançamento de Rogério Rosso (PSD) como candidato ao governo dividiu o grupo. Rosso tem na sua chapa PRB, Solidariedade e PPS, que, assim como o PSD, apoiam o presidenciável tucano.
Izalci vinha se recusando a abrir mão de sua candidatura ao governo e recebeu telefonemas de dirigentes tucanos para que explicasse a aliança construída agora. Ele acredita, porém, que não haverá veto. Ainda mais pelo DEM também ser coligado nacionalmente e a chapa contar também com o PR.
— Houve uma indagação de porque abri mão. Até as convenções precisa conversar para ajudar. Claro que depende da posição nacional, porque a nossa prioridade é a campanha presidencial, mas vai dar tudo certo — afirmou Izalci.
Rosso diz que não vai lutar para ter o PSDB na sua chapa, jogando a toalha sobre a possibilidade de seu nome ser o único do grupo.
— O Izalci quis sair e resolveu ser senador do Fraga. Falou que não aceitava ser senador com a gente nem de graça. Então, a gente respeita. Boa sorte — disse Rosso.
Como tem partidos na sua chapa que apoiam Alckmin e Alvaro Dias (Podemos), o candidato do PSD pode abrir espaço para os dois presidenciáveis em seu palanque.
Eduardo Bresciani, O Globo