A atuação do Banco Central (BC) não foi suficiente para segurar a cotação do dólar nesta quarta-feira, que fechou em alta, em linha com o movimento do mercado externo. A moeda americana terminou os negócios cotada a R$ 3,876, uma valorização de 2,05% ante o real. Já o Ibovespa, principal índice do mercado de ações, recuou 1,11%, aos 70.609 pontos. O volume de negócios ficou em linha com os últimos pregões, mesmo com o jogo do Brasil pela Copa do Mundo.
Pela manhã, o BC realizou dois leilões de linha, em que há o compromisso de recompra no vencimento da operação. Ao todo, foram ofertados os US$ 2,5 bilhões e o mercado comprou US$ 2,425 bilhões desse total. Na primeira operação, com vencimento em 2 de agosto, as propostas somaram US$ 275 milhões e a taxa de venda foi de R$ 3,8215. No segundo leilão, as duas propostas feitas somaram US$ 2,150 bilhões, com vencimento em 5 de setembro, e taxa de venda também de R$ 3,8215.
O dólar ganhou força em escala global. O “dollar index”, que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, tinha alta de 0,72% próximo ao horário de encerramento dos negócios no Brasil. Um dos fatores que contribui para a valorização da divisa é o temor das consequência das disputas comerciais entre Estados Unidos e outras grandes nações no desempenho da economia global.
Internamente, pesou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina que a venda de participações em estatais tenha aprovação do legislativo.
Internamente, pesou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que determina que a venda de participações em estatais tenha aprovação do legislativo.
— O mercado de moedas mostra o dólar mais forte, ganhando das divisas fortes e emergentes. A decisão do STF gerou a leitura de maior dificuldade para a entrada de recursos estrangeiros direcionados a investimentos no país, o que contribuiu para que a pressão sobre o dólar se mantivesse — avaliou Ricardo Gomes da Silva Filho, superintendente da Correparti Corretora de Câmbio.
BOLSA EM QUEDA
Mesmo com o jogo da seleção, o volume de negócios na Bolsa não foi afetado. Ao final do pregão, era de R$ 8,7 bilhões, em linha com a média dos últimos pregões, que está entre R$ 8,5 bilhões e R$ 9 bilhões. Entre o início do jogo e o encerramento do pregão, foram feitos cerca de R$ 2,6 bilhões em negócios.
Pedro Galdi, analista da corretora Mirae, lembra que a falta de notícias positivas em relação ao Brasil impede que valorização dos ativos (ações, moedas) do país.
- O mercado lá fora está muito volátil e isso reflete aqui. Além disso, não temos notícias positivas do ponto de vista externo. Com isso, no caso da Bolsa, ocorre essa realização após três dias de leve alta - disse, se referindo ao movimento em que os investidores que tiveram ganhos nos últimos pregões vendem ações para embolsar os ganhos.
- O mercado lá fora está muito volátil e isso reflete aqui. Além disso, não temos notícias positivas do ponto de vista externo. Com isso, no caso da Bolsa, ocorre essa realização após três dias de leve alta - disse, se referindo ao movimento em que os investidores que tiveram ganhos nos últimos pregões vendem ações para embolsar os ganhos.
O desempenho das ações da Petrobras impediram uma queda mais forte do índice, em dia de valorização das commodities no exterior. As ações preferenciais (PN, sem direito a voto) da estatal subiram 3,17%, cotadas a R$ 16,55. Já as ordinárias (ONs, com direito a voto) tiveram alta de 2,69%, a R$ 19,02. O petróleo tinha alta de 1,36%, a US$ 77,35 o barril do tipo Brent.
Ainda entre as mais negociadas, os papeis da Vale passaram a operar em queda de 0,39%, fechando a R$ 48,15. Os bancos privados também ficaram no terreno negativo. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco recuam, respectivamente, 1,80% e 1,61%. O Banco do Brasil registrou desvalorização de 2,06%.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones fechou em queda de 0,68% e o S&P 500 recuou 0,86%.
Na Europa, o DAX, de Frankfurt, fechou em alta de 0,93%, e o CAC 40, da Bolsa de Paris, teve valorização de 0,87%.
DECISÃO DO STF PREJUDICA ELÉTRICAS
Na avaliação de Vitor Suzaki, analista Lerosa Investimentos, isso se deve ao ambiente incerto para a política e economia brasileira no curto prazo. Além disso, ele cita decisões recentes do (STF) desagradaram investidores.
- Não há nada positivo no curto prazo e algumas decisões do STF foram encaradas de forma negativa. Hoje saiu uma liminar do ministro Ricardo Lewandowski proibindo privatizações sem o aval do Congresso Nacional. Isso gera uma preocupação, em especial para os investidores estrangeiros - disse.
As ações da Eletrobras, em meio às discussões para sua privatização, ficaram entre as principais quedas do Ibovespa. As ordinárias caíram 4,08% e as preferenciais recuaram 5,05%. No caso da Cemig, o tombo foi de 4,08%.
Ana Paula Ribeiro, O Globo