Luis Curro, Folha de São Paulo
KIEV (UCRÂNIA)
Em um jogo com um segundo tempo de tirar o fôlego, que teve duas falhas terríveis do goleiro Karius e até gol de bicicleta de Bale, o Real Madrid derrotou o Liverpool por 3 a 1 e ganhou sua terceira Liga dos Campeões seguida, a quarta em cinco anos.
A partida foi disputada no Estádio Olímpico de Kiev (Ucrânia), que recebeu perto de 70 mil torcedores.
Cinco vezes eleito o melhor do mundo, o português Cristiano Ronaldo passou em branco. O herói do Real foi Gareth Bale.
Três minutos depois de entrar no jogo, substituindo Isco, marcou um golaço, de bicicleta, depois de cruzamento de Marcelo, colocando o Real à frente pela segunda vez na partida. E ainda marcou mais uma vez, em chute de longa distância que Karius aceitou.
O primeiro tempo foi bastante equilibrado, com o Liverpool tomando a iniciativa nos primeiros minutos e o Real equilibrando no decorrer dos minutos.
Porém, aos 25 minutos, Salah, seu melhor jogador na temporada —e concorrente de Cristiano Ronaldo, o superastro do Real, a melhor do mundo—, contundiu-se no ombro em jogada com Sergio Ramos e teve de ser substituído. O egípcio saiu do jogo chorando.
O Real a partir daí melhorou e, mesmo tendo perdido o lateral Carvajal por contusão, passou a ameaçar o gol adversário. Teve até um gol anulado, de Benzema, porque Cristiano Ronaldo estava impedido no lance.
A segunda etapa teve seguidos momentos de eletricidade.
Bola na trave do Real (Isco), gol do Real (Benzema), gol do Liverpool (Mané), gol de bicicleta (Bale), bola na trave (Mané), gol incrível perdido por Cristiano Ronaldo (travado na hora agá por Mané). Tudo nos 30 primeiros minutos.
A chance de Mané foi a última do time inglês, que, apesar de esbanjar disposição, acabou sucumbindo ao melhor toque de bola do Real, que passou a dominar e ainda fez mais um gol com Bale.
O Liverpool sucumbiu também às falhas gritantes do goleiro Karius.
No primeiro gol, o goleiro alemão pegou com as mãos na grande área lançamento que passou por Benzema e, ao tentar sair jogando rápido, não percebeu a proximidade do atacante francês, que esticou a perna. A bola bateu nela e foi na direção do gol, entrando mansamente.
No terceiro, engoliu um frangaço em chute de longe. Tentou segurar, a bola espirrou nas suas luvas e entrou no gol.
Com a vitória, o Real registrou um feito. Desde os anos 1970, com o Ajax, primeiro (de 1971 a 1973) e o Bayern de Munique, depois (de 1974 a 1976), um time não conquistava por três anos consecutivos o mais importante interclubes europeu.
Só o próprio Real tem mais taças seguidas da Liga. Nos primórdios da competição, na era do craque argentino Di Stéfano, foi pentacampeão de 1956 a 1960.
A equipe que veste branco ganhou a Liga dos Campeões pela 13ª vez (de 1956 a 1960, 1966, 1998, 2000, 2002, 2014 e 2016 a 2018). O perseguidor mais próximo, o Milan, tem sete títulos.
O triunfo do Real eleva ainda mais o status do técnico Zinédine Zidane, 45, que em um período de dois anos e quatro meses —assumiu a equipe em janeiro de 2016— levou o clube a nove títulos, média excepcional de um a cada três meses.
O francês é o primeiro treinador a vencer a Liga dos Campeões três vezes consecutivas. E passa a figurar na lista dos técnicos mais vitoriosos da competição.
Além dele, ganharam três troféus o italiano Carlo Ancelotti (duas vezes com o Milan, uma com o Real Madrid) e o inglês Bob Paisley (todas com o Liverpool).
Zidane e Ancelotti também triunfaram no torneio como jogadores —o primeiro uma vez, o segundo, duas.
Entre os brasileiros que disputaram a decisão em Kiev, Marcelo e Casemiro, do Real, que defenderão a seleção brasileira na Copa do Mundo, tornaram-se os maiores vencedores de Liga dos Campeões entre os atletas nascidos no Brasil: quatro títulos.
Eles ultrapassaram os laterais Daniel Alves e Roberto Carlos, o atacante Sávio e o zagueiro Pepe.
Roberto Firmino, outro que estará no Mundial da Rússia, continua sem nenhum título de competição oficial na carreira, iniciada em 2009.
A Espanha continua hegemônica na Liga, em toda a história e na história recente. É o país com o maior número de triunfos (18, sendo 13 do Real e 5 do Barcelona) e campeão das últimas cinco edições. O último não espanhol a vencer foi o alemão Bayern, em 2013.
A derrota do Liverpool manteve a Inglaterra empatada com a Itália: 12 taças para cada um dos países.
O Real Madrid é o clube mais vitorioso na competição disputada desde 1956. São 13 títulos. O Milan tem sete, e o Liverpool, cinco, empatado com Bayern e Barcelona.