Com O Globo e agências internacionais
OMAHA, EUA - Terceiro homem mais rico do mundo, o nome de Warren Buffet não costuma aparecer ao lado da palavra “prejuízo” no noticiário, mas foi o que aconteceu neste sábado. A Berkshire Hathaway, seu conglomerado que tem participação em diversas companhias como Apple e Coca-Cola, anunciou esta manhã que registrou uma perda líquida de US$ 1,1 bilhão no primeiro trimestre do ano, a primeira desde 2009. Mas o prejuízo se deu por causa de uma novidade técnica que Buffet classificou de “pesadelo”: novas regras contábeis obrigaram o “Oráculo de Omaha” a reportar em seu balanço a variação de preço das ações que detém mesmo que não planeje vendê-las. A mudança acabou ofuscando a melhora operacional da companhia no período.
O lucro operacional da Berkshire Hathaway subiu 49% no trimestre, para US$ 5,29 bilhões, contra US$ 3,56 bilhões um ano antes, informou a companhia. O lucro operacional dos mais de 90 negócios da Berkshire vinha caindo nos últimos cinco trimestres, em grande parte devido ao desempenho decepcionante da área de seguros, incluindo perdas ligadas a furacões. O resultado divulgado neste sábado também encerrou um período de oito meses em que os resultados operacionais ficaram aquém das previsões de Wall Street.
‘WOODSTOCK DO CAPITALISMO’
Mas a mudança contábil exigiu que a Berkshire reportasse perdas não realizadas de US$ 6,2 bilhões em sua carteira de ações, que totalizavam US$ 170,5 bilhões no fim do ano passado. Buffett chamou a nova regra de “pesadelo” que produziria “oscilações realmente selvagens e caprichosas” nos resultados financeiros que, dependendo da direção, poderiam assustar ou estimular desnecessariamente os investidores.
Assim, o prejuízo líquido foi de US$ 1,14 bilhão, ante lucro líquido de US$ 4,06 bilhões no primeiro trimestre de 2017.
Os resultados foram divulgados no mesmo dia em que a Berkshire realiza sua reunião anual em Omaha, Nebraska, onde Buffett, de 87 anos e dono de uma fortuna de US$ 84 bilhões, e o vice-presidente Charlie Munger, de 94, responderão a perguntas de acionistas, jornalistas e analistas por cinco horas. O evento reúne dezenas de milhares de acionistas da Berkshire e é conhecido na imprensa americana como o “Woodstock do Capitalismo” ou o Buffett-palooza (em referência ao festival de música Lollapalooza).