O Instituto Médico Legal (IML) de São Paulo concluiu nesta sexta-feira os exames para reconhecimento do corpo encontrado pelo Corpo de Bombeiros nos escombros do edifício Wilton Paes de Almeida, no Largo do Paiçandu, Centro da capital paulista, que pegou fogo e desabou na madrugada de terça-feira (1). Por meio das digitais, os peritos identificaram a vítima como Ricardo Oliveira Galvão Pinheiro, de 39 anos, o homem que estava sendo resgatado do prédio em chamas quando o imóvel veio a baixo.
Mais cedo nesta sexta, após retirarem o corpo do local, os Bombeiros informaram que os indícios davam conta de que poderia ser Ricardo Pinheiro. “A vítima em óbito foi retirada do local e já foi levada ao Instituto de Criminalística, era um homem com diversas tatuagens no corpo e foi localizado com o cinto de segurança utilizado durante a tentativa de salvamento”, informou o Corpo de Bombeiros em sua conta no Twitter. Pinheiro era conhecido entre os moradores do imóvel invadido como “Tatuagem”.
De acordo com os Bombeiros, um dos cães farejadores detectou a possível presença de uma vítima na tarde de ontem e, então, começou-se a retirar manualmente os escombros do local onde ela poderia estar. O corpo foi encontrado nesta sexta-feira por volta do meio-dia.
Além de Ricardo Pinheiro, primeira vítima localizada do incêndio, são considerados desaparecidos Selma Almeida da Silva e seus dois filhos gêmeos, Welder e Wender; Eva Barbosa Lima e Walmir Sousa Santos.
Nesta quinta-feira (3), o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Mágino Alves, disse que a Polícia Civil detectou que um curto-circuito no quinto andar do prédio foi a origem do incêndio. No local, três aparelhos – um microondas, uma geladeira e uma televisão – estavam ligados na mesma tomada.
O cômodo onde o incêndio teve início abrigava quatro pessoas. Duas delas foram hospitalizadas, uma criança de três anos cujo estado de saúde era grave e o pai dela, que estava em condição melhor, mas com dois terços do corpo queimados.
A Polícia Civil chegou à conclusão sobre a origem do incêndio durante o depoimento de duas testemunhas. Também foi aberto um inquérito para apurar cobranças de aluguéis em ocupações irregulares após denúncias de que os moradores do prédio que desabou, ocupado irregularmente, pagavam 400 reais aos coordenadores do movimento responsável pela invasão.
Ainda restam 80% dos escombros
O Corpo de Bombeiros intensificou nesta sexta-feira o uso de máquinas pesadas nas buscas realizadas nos escombros do prédio. Três retroescavadeiras estão sendo utilizadas para retirar o entulho mais pesado da montanha de destroços que ocupa o local onde ficava o edifício.
Os bombeiros mantêm a estratégia de utilizar as máquinas nos locais em que as equipes de resgate e os cães farejadores já tenham feito a inspeção, evitando que o peso dos equipamentos afete um eventual sobrevivente.
Após a retirada do corpo da primeira vítima encontrada do desabamento, os cães farejadores não deram mais indícios que outros corpos ou sobreviventes estejam em lugares próximos àqueles em que os bombeiros estão fazendo buscas.
“Os cães não tiveram ação igual [a que manifestaram quando encontraram o primeiro corpo] em nenhum local dos escombros”, destacou o tenente dos bombeiros, Guilherme Derrite.
Segundo a corporação, foram retirados 20% do total de escombros do local. Para os demais 80%, serão necessários de 10 a 15 dias. “A gente sabe que é muito difícil, mas a gente segue com esperança de encontrar um bolsão de ar, uma célula de sobrevivência, e que possa haver um milagre divino, uma pessoa com vida. O Corpo de Bombeiros vai trabalhar até o último dia”, acrescentou.