A presidente Dilma Rousseff está sendo criticada por não discursar no Dia do Trabalho, mas algumas de suas promessas feitas em anos anteriores viraram pó diante de novos cenários.
Há três anos, Dilma anunciava em seu discurso no 1º de Maio "a posição firme do governo" para reduzir os juros bancários. Hoje, as taxas cobradas pelas instituições financeiras estão no maior nível em quatro anos. Na Caixa Econômica Federal, um dos bancos estatais citado pela presidente como exemplo a ser seguido na época, a taxa do cheque especial caiu praticamente pela metade em 2012. Desde então, o custo dessa linha passou de 4% para 8% ao mês.
No crédito imobiliário, a taxa subiu de 5,7% para 7,2% ao ano, com a decisão recente da instituição de limitar o acesso a esses recursos, cada vez mais escassos.
Na época, Dilma afirmou que era "inadmissível" que o Brasil tivesse um dos juros mais altos do mundo, posição que o país voltou a ocupar há algum tempo. No mesmo período, a taxa básica do Banco Central (Selic) passou de 7,25% para 13,25% ao ano.
Naquele mesmo discurso, a presidente anunciou o novo programa de desoneração da folha de pagamento das empresas, uma "brincadeira que custou caro", segundo a nova equipe econômica, e que está sendo revista.
A nova orientação econômica do governo também não poupou as promessas feitas pela presidente há apenas um ano.
No 1º de Maio do ano passado, Dilma defendeu a política de redução na conta de luz, que também foi revista este ano, e disse que seu governo nunca seria o "do arrocho salarial" ou "da mão dura contra o trabalhador".
Há um ano, a presidente afirmava também que a inflação era um "incômodo às famílias", mas se tratava de um problema localizado no segmento de alimentos. Desde então, o IPCA em 12 meses subiu de 6,15% para 8,13%.
Em 2014 a presidente também tratou do caso envolvendo a Petrobras na Operação Lava Jato, ao afirmar que a empresa "jamais vai se confundir com atos de corrupção ou ação indevida de qualquer pessoa".
Na época, a estatal ainda não enfrentava dificuldades para publicar seus balanços e não era questionada na Justiça por investidores prejudicados com a desvalorização dos seus papéis.
OBRAS PARADAS
O discurso daquele dia contrastava com a estreia da presidente no 1º de maio de 2011. Naquela data, Dilma anunciava que "dias melhores" estavam chegando e que o desafio era lidar com os problemas gerados pelo forte crescimento do país no ano anterior, superior a 7% (para 2015, espera-se retração).
Em seu primeiro discurso nesta data, a presidente também deixou a promessa de que os grandes programas de infraestrutura como o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e o Minha Casa Minha Vida seguiriam sem interrupções. O corte de gastos no primeiro trimestre deste ano, no entanto, vitimou essas duas vitrines do governo.
Em 2013, Dilma também mostrou otimismo. "Estamos tendo, nos últimos anos, a alegria de comemorar o 1º de Maio com recordes sucessivos no emprego, na valorização do salário e nas conquistas sociais dos trabalhadores. Neste 1º de Maio, o Brasil pode garantir outra vez a vocês que nada ameaça estas conquistas", afirmou.
Temendo novo panelaço pelo país, a presidente Dilma Rousseff deixará de fazer o tradicional pronunciamento do 1º de Maio em cadeia nacional de rádio e TV. É a primeira vez que isso ocorre em seus dois mandatos. A petista decidiu falar à população por meio da internet.
Editoria de Arte/Folhapress | ||