Os democratas conseguiram adiar nesta terça-feira (31) a aprovação em comissões do Senado de quatro secretários de Donald Trump, em retaliação ao veto a refugiados e imigrantes e à nomeação de um juiz conservador para a Suprema Corte.
A oposição recorreu a manobras regimentais para postergar as nomeações, que devem dificultar mais a composição do governo republicano que, até o momento, teve só quatro secretários aprovados pelo plenário da Casa.
Acusações de conflitos de interesse foram usadas como justificativa para bloquear a votação que daria prosseguimento à confirmação do deputado Tom Price como secretário de Saúde e Steve Mnuchin como titular do Departamento do Tesouro.
Price é acusado de omitir durante a sabatina no Senado que recebeu desconto para comprar ações de uma companhia biomédica. No caso de Mnuchin, a suspeita é sobre a forma como seu banco, o OneWest, lidava com o despejo de pessoas que não pagavam suas hipotecas.
Para adiar o processo, a bancada boicotou a votação que os confirmaria. Pelo regimento, é necessária a participação de pelo menos um democrata para que a votação seja válida, embora os republicanos sejam maioria.
A senadora Debbie Stabenow disse que os nomeados por Trump "tomam posições que podem afetar a vida das pessoas todos os dias". "A verdade é importante".
O presidente da comissão, o republicano Orrin Hatch, acusou os democratas de não desejarem cumprir seus deveres como senadores. "Eles precisam parar de atuar como idiotas", disse.
No entanto, os republicanos usaram a mesma manobra em 2013, quando rejeitavam Gina McCarthy para liderar a Agência de Proteção do Meio Ambiente (EPA).
Ela criticada por ser contra a construção de oleodutos no norte do país —aprovados na semana passada por Trump— e por defender de limites na emissão de poluentes. O processo de nomeação durou 136 dias, um recorde no Senado.
Os dois secretários são rejeitados pela proximidade da relação de seus negócios com a função pública que vão exercer. Mnuchin é banqueiro e Price tem ações em planos de saúde —os mais beneficiados se Trump derrubar a reforma da saúde de Obama.
O conflito de interesses também foi um dos motivos para adiar pela terceira vez a votação que confirmaria Andrew Puzder como titular do Departamento de Trabalho.
Dono de uma rede de fast food, é contra aumentos no salário-mínimo —os trabalhadores do setor foram quem convocaram protestos por remunerações melhores.
SESSIONS
Para impedir a eleição de Jeff Sessions para o Departamento de Justiça, a oposição a Trump apostou nos discursos longos. Isso provocou o adiamento para esta quarta-feira (1º) da sessão na Comissão de Justiça do Senado.
Os republicanos querem acelerar a escolha porque o cargo ainda está nas mãos dos democratas —Trump demitiu a interina, Sally Yates, porque ela se recusou a defender o Executivo no decreto que restringe a entrada de imigrantes e refugiados.
O republicano reclamou da protelação dos rivais. "Eles deveriam se envergonhar! Não me admira que Washington não funcione", disse, no microblog Twitter.
Apesar da resistência democrata, as comissões do Senado aprovaram quatro secretários —Rick Perry (Energia), Ryan Zinke (Interior) e Betsy DeVos (Educação).
Seus nomes deverão ser submetidos ao plenário do Senado, que referendou nesta terça Elaine Chao para o Departamento de Transportes. Além dela, já foram confirmados James Mattis (Defesa), John Kelly (Segurança Interna) e Mike Pompeo (CIA).