domingo, 12 de maio de 2019

Bolsonaro diz que indicará Sérgio Moro ao STF para confirmar mais um compromisso de campanha

O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo, 12, que, na primeira vaga que abrir no Supremo Tribunal Federal (STF), espera cumprir o compromisso de indicar o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro. "Se Deus quiser, cumpriremos esse compromisso", disse, em entrevista à Rádio Bandeirantes.
"Uma pessoa da qualificação do Moro se realizaria dentro do STF", afirmou. Bolsonaro disse acreditar que Moro seria um "grande aliado da sociedade brasileira dentro do STF".

Bolsonaro: na 1ª vaga que tiver no STF, espero cumprir compromisso com Moro, de indicá-lo
O presidente da República, Jair Bolsonaro Foto: Dida Sampaio/Estadão

Anticrime

Sobre o pacote anticrime apresentado ao Congresso pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Bolsonaro afirmou esperar que seja aprovado, mas ponderou que não é "dono da pauta" do Legislativo. "Maia (Rodrigo Maia) é dono da pauta na Câmara e Alcolumbre (Davi Alcolumbre) é dono da pauta no Senado", argumentou. "Não posso exigir, interferir, a bola (agora) está com o Rodrigo Maia."
Ele declarou ainda que o PT pode não querer julgar o projeto anticrime de Moro, que, de acordo com ele, pode "retardar" a saída do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva da prisão.
Durante a entrevista deste domingo, Bolsonaro ainda falou sobre as negociações com o Congresso, a influência nas decisões da Petrobrás e a reforma da Previdência. Confira a seguir:

Negociações com o Congresso

O presidente Jair Bolsonaro afirmou também que gostaria que a "grande mídia" dissesse a ele como formar uma base parlamentar no Congresso. De acordo com ele, até o governo passado, grandes partidos se reuniam com o presidente, que distribuía cargos na administração federal e na presidência de bancos e estatais.
"A base era feita dessa maneira, o ingrediente era esse, mas não falam na mídia", afirmou. Bolsonaro disse que a política do "toma lá dá cá" não deu certo. "Tem ex-presidente preso, ex-presidente da Câmara preso...", lembrou. Bolsonaro disse, no entanto, que o atual ministério tem as "portas abertas" para todos os parlamentares. Mas, para o presidente, parlamentar não tem que votar com o governo porque foi "atendido em alguma coisa".

Confiança no vice-presidente

Na entrevista, Bolsonaro disse também acreditar que o vice-presidente Hamilton Mourão não tem a "pretensão de minar" o governo. "Mas outros fazem isso para ganhar algo à frente", disse. "Aqueles que não pensam em progredir têm que comprar um lote no cemitério, mas não acredito nisso (em minar o governo) por parte do vice."

Influência nas decisões da Petrobrás

Ainda durante a entrevista para a Rádio Bandeirantes, Bolsonaro reafirmou que não há ingerência na Petrobras e que a empresa possui uma política própria de preços "para não quebrar", falou. "Eles têm um mecanismo de reajustar o combustível que leva em conta a variação do dólar e o preço fora do País", concluiu.
Recentemente, no entanto, o presidente interferiu na decisão da empresa de reajustar o preço do diesel ao pedir explicações ao presidente da companhia e, dessa maneira, retardar a decisão anteriormente tomada. A postura de Bolsonaro desagradou aos investidores e o valor da empresa, negociada em bolsa, foi negativamente afetado.
"Se nós agirmos com racionalidade e pensarmos no Brasil temos como buscar soluções para os nossos problemas. Quando você entra para cruzar o Atlântico, se não se preparar para a tormenta, pode ser surpreendido", declarou.

Reforma da previdência

O presidente também acredita que com uma boa reforma da Previdência o governo terá "folga de caixa para atender a população". De acordo com ele, a reforma é como uma vacina: "Tem que dar a vacina no moleque, e a nova vacina no momento é a Nova Previdência". O presidente complementou afirmando que "não é fácil governar o Brasil e que, por isso, tem que ter equipe de ministros que converse contigo; são 24 pessoas (incluindo o vice-presidente Hamilton Mourão) para buscar soluções para o Brasil".
Bolsonaro também respondeu a declaração do deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho, feita no Dia do Trabalho, 1.º, que defendeu que o 'Centrão' deveria "desidratar" a reforma da Previdência para evitar a reeleição dele. "Já que Paulinho falou isso, ele não está pensando no Brasil", disse.

Postura dos sindicados


Aliás, a respeito dos sindicados, Bolsonaro se posicionou contrário ao desconto automático do imposto sindical no contracheque do trabalhador. De acordo com o presidente, os sindicatos são a "coisa que mais atrapalham o Brasil, pois a maioria legisla em causa própria". Bolsonaro afirmou que pode haver o imposto sindical se o trabalhador optar pelo pagamento via boleto bancário, mas não com um desconto automático no contracheque.

Thaís Barcellos e Daniel Galvão, O Estado de S.Paulo