Às 1h24m do dia da operação, Temer manda mensagem no WhatsApp a Moreira Franco, perguntando se ele estava acordado. Às 1h40m do mesmo dia, o ex-ministro tenta ligar, por meio do aplicativo, para o ex-presidente. A chamada, no entanto, não se completa. O MPF chama atenção para o fato de que ligações por meio do WhatsApp são uma forma codificada de comunicação e não podem ser interceptadas. Logo em seguida, Moreira manda uma mensagem dizendo que estava acordado e tenta ligar para Temer. Os procuradores não descartam que os dois tenham se falado por outros aplicativos que autodestroem mensagens ou outros aparelhos.
Para o MPF, isso indica uma probabilidade de que eles tenham tido conhecimento da operação antes de sua deflagração.
- É possível que sim, vamos continuar investigando - afirmou o procurador.
Para o coordenador da força-tarefa da Lava-Jato no Rio, procurador Eduardo El Hage, a tentativa de comunicação fora de um horário habitual em que Moreira e Temer costumavam falar causou estranheza nos investigadores:
- Nos causou espécie que os dois tenham tentado se falar no dia da prisão.
O histórico de chamadas do celular de Moreira Franco para Temer, analisado pelo MPF, começa no dia 26 de dezembro do ano passado e termina na data de deflagração da operação. Nesse período, foram 27 comunicações ou tentativas de comunicações ocorridas entre os dois, nenhuma depois das 22h. A exceção foram as duas tentativas de comunicação na madrugada do dia da operação.
Outro lado
Em nota, a defesa de Moreira Franco diz que a denúncia reproduz a versão do delator José Antunes Sobrinho, da Engevix.
"Além disso, a narrativa do Ministério Público não se atem aos fatos da delação, incluindo ilações sem qualquer respaldo probatório. As imputações apresentadas serão afastadas no curso do processo", afirmou a defesa.
As defesas do ex-presidente Michel Temer e do coronel Lima ainda não se manifestaram sobre a denúncia apresentada pelo MPF.
Juliana Castro, O Globo