quarta-feira, 26 de setembro de 2018

FMI amplia acordo com Argentina. Adicional de US$ 7,1 bilhões eleva socorro inicial para US$ 57,1 bilhões



A diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, e o presidente argentino, Mauricio Macri - AFP



WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou, no fim da tarde desta quarta-feira, um novo acordo com a Argentina, elevando em US$ 7,1 bilhões o total que o país poderá ter em empréstimo além do acordo firmado em junho, que previa recursos de US$ 50 bilhões. O novo montante é o maior já emprestado pelo organismo.

O novo acordo também torna mais dinheiro disponível no momento: US$ 19 bilhões poderão ser sacados por Buenos Aires até o fim de 2019. O acordo ainda precisa de aprovação do conselho do FMI, mas é praticamente certo que isso ocorrerá.


Também nesta quarta-feira, a Argentina anunciou que o banco central do país não vai intervir no mercado cambial, mas fixará mínimos e máximos para a moeda. A autoridade monetária também manterá um “controle estrito” do crescimento da base monetária para diminuir a inflação, disse seu novo presidente, Guido Sandleris.

O governo do presidente Mauricio Macri vinha negociando com o organismo para tentar ampliar os recursos disponíveis e também para acelerar o calendário de desembolsos. Este dinheiro poderá ajudar a conter a volatilidade argentina.

A elevação da cotação do dólar é um dos maiores problemas econômicos que afetam o país, pois isso gera inflação e incertezas em uma sociedade muito mais dolarizada que a brasileira.

Na prática, segundo autoridades argentinas, o FMI vai liberar US$ 13,4 bilhões neste ano - contra US$ 6 bilhões previstos anteriormente - e US$ 22,8 bilhões em 2019, contra US$ 11,4 bilhões acordados até então.

Por outro lado, a Argentina precisará chegar ao equilíbrio fiscal já em 2019 e ter um superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida) de 1% do PIB já em 2020. Em ambos os casos, as metas foram antecipadas em um ano.



‘PLANO ECONÔMICO FORTALECIDO’
“A Argentina desenvolveu um plano econômico fortalecido que visa reforçar a confiança e estabilizar a economia. No centro do novo plano está uma política fiscal destinada a fortalecer sua posição fiscal e ter um orçamento sustentável e adequadamente financiado, uma política monetária forte voltada à redução da inflação, uma política cambial flutuante sem intervenção”, afirmou no comunicado Christine Lagarde, diretora-gerente do FMI.

O Fundo afirmou, contudo, que aprovação do Congresso argentino do orçamento de 2019 será um próximo passo essencial. “A inflação persistentemente alta continua a erodir os alicerces da prosperidade econômica na Argentina”, escreveu Lagarde. “Essa nova estrutura conterá a oferta de moeda e manterá as taxas de juros de curto prazo em seus atuais níveis elevados, com o objetivo de reduzir as expectativas de inflação”.

“Ainda há muito trabalho a ser feito para que a Argentina responda efetivamente às atuais circunstâncias desafiadoras. Esse esforço está apenas começando. O FMI está comprometido em continuar apoiando as autoridades argentinas em seus esforços”, concluiu o comunicado do FMI, indicando que este novo acordo deverá ser aprovado em breve pela diretoria do Fundo.


Henrique Gomes Batista, O Globo