sexta-feira, 28 de setembro de 2018

Consórcios liderados por Exxon e Shell levam maiores áreas de leilão do pré-sal

O governo vendeu as quatro áreas do pré-sal oferecidas em leilão nesta sexta (28) e garantiu arrecadação de R$ 6,8 bilhões com o pagamento de bônus de assinatura. 
Consórcios liderados pela americana Exxon e pela anglo-holandesa Shell levaram as duas maiores áreas. A Petrobras disputou duas áreas, mas levou apenas uma.
O diretor-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gas e Biocombustíveis), Decio Oddone, disse que o resultado foi extraordinário. “Foi o primeiro leilão com 100% das áreas concedidas”, afirmou. O ágio médio foi de 171% e os investimentos obrigatórios nas áreas são de pelo menos R$ 1 bilhão - o valor corresponde apenas ao investimento exploratório mínimo para cada área.
Foi o último leilão de petróleo do governo Temer, que arrecadou R$ 27 bilhões com a concessão de áreas exploratórias durante o mandato iniciado em 2016. Governo e petroleiras defendem que o interesse demonstrado pelos resultados justificam a manutenção das regras pelo próximo presidente.
"O leilão mostra que a competição traz o melhor resultado para a sociedade", disse o secretário-executivo do MME (Ministério de Minas e Energia), Márcio Félix. 
Temer pôs fim à exclusividade da Petrobras no pré-sal, permitindo que outras empresas disputem áreas com a estatal, reduziu os compromissos de compras no país e estendeu benefícios fiscais ao setor.
 
“A gente espera que o próximo governo continue entendendo o papel do setor de óleo e gás para o Brasil”, disse o presidente da Shell, André Araújo. Em consórcio com a americana Chevron, a companhia levou a área de Saturno, com um bônus de R$ 3,125 bilhões.
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Nos leilões do pré-sal, os bônus são fixos. Vence a disputa o consórcio que se comprometer a entregar o maior volume de petróleo ao governo durante a vida útil do projeto.
Para Saturno, Shell e Chevron ofereceram 70,20% da produção ao governo, após descontados os custos de produção - conceito conhecido como óleo-lucro - um ágio de 300,23% com relação ao preço mínimo.
O consórcio disputou ainda a área de Titã, também com bônus de R$ 3,125 bilhões, mas perdeu para Exxon e QPI, do Qatar, que ofereceram 23,49% do óleo-lucro, ágio de 146,48%.
A britânica BP fez sua estreia como operadora do pré-sal ao vencer a disputa com consórcio da Petrobras pela área de Pau-Brasil, com bônus de R$ 500 milhões e óleo lucro de 24,82%, ágio de 157,01%. 
"Estamos empolgados", disse o presidente regional para a América Latina da BP, Felipe Arbelaez. Ele também disse não temer mudanças abruptas após a eleição. "O Brasil tem um histórico de respeito aos contratos."  
Sozinha e sem disputa, a estatal levou a área de Sudoeste de Tartaruga Verde, com bônus de R$ 70 milhões e óleo-lucro de 10,01%, o mínimo estabelecido. A área é adjacente a reserva já operada pela estatal,
O presidente da companhia, Ivan Monteiro, esteve no leilão mas saiu sem dar entrevista.

FICO

Na abertura do leilão, o ministro de Minas e Energia, Moreira Franco, pediu ao diretor-geral da ANP que permaneça na agência após a mudança de governo "para defender o modelo".
Oddone foi nomeado por Temer em dezembro de 2016 e seu mandato expira em 2020. "Tenho mandato até 23 de dezembro e vou cumpri-lo", disse ele, em entrevista após o leilão. 
"Não sou candidato a reeleição, mas pretendo cumprir o mandato", reforçou.


Nicola Pamplona, Folha de São Paulo