A vereadora Marília Arraes (PT), prima de Eduardo Campos e neta de Miguel Arraes, não deve ser mais candidata ao governo de Pernambuco. Nos bastidores, o partido caminha efetivamente para se aliar ao governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que tenta a reeleição.
A decisão só será comunicada na tarde desta quarta-feira (1º) após reunião da Executiva Nacional. O senador Humberto Costa (PT) deve ocupar uma das vagas ao Senado na chapa pessebista. A outra é do deputado federal Jarbas Vasconcelos (MDB), crítico ferrenho do PT e do ex-presidente Lula.
O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), integrante do Grupo de Tática Eleitoral (GTE), afirmou que a decisão só será oficializada após a reunião desta tarde. “Não posso falar ainda. Esse assunto está sendo tratado agora”, informou.
O partido aposta na neutralidade nacional do PSB, o que possibilitaria arranjos locais, e na desistência da candidatura de Márcio Lacerda (PSB) ao governo de Minas Gerais.
O encontro estadual do PT em Pernambuco, que aconteceria nesta quinta-feira (1º), deve ser desarmado.
Até ontem, havia a costura para referendar o nome de Marília durante o encontro local, mas deixando uma ressalva para que a decisão pudesse ser modificada posteriormente em razão de uma decisão da Executiva Nacional do partido.
Na terça-feira, ouvida pela Folha, Marília afirmou que não trataria mais do tema. “Tem coisas que estão na dimensão dos burocratas da política. Não trato mais disso. Meu compromisso com Lula é garantir a ele a maior vitória do PT no Brasil. É isso que Pernambuco vai fazer”, disse.
A vereadora enfrentou resistência dentro do próprio partido desde o ano passado, quando evidenciou o desejo de ser a candidata ao governo. O grupo capitaneado pelo senador Humberto Costa (PT), argumentando a importância do PSB no contexto nacional diante da situação do ex-presidente Lula, preso em Curitiba, defendeu a aliança com Paulo Câmara.
Em 2014, Paulo Câmara apoiou, no segundo turno, o senador Aécio Neves (PSDB) para a Presidência da República e também se posicionou de maneira favorável ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
Os aliados de Marília vão insistir para que o encontro estadual seja realizado nesta quinta-feira. “Reitero a importância do respeito ao encontro como instância partidária”, disse a deputada estadual Tereza Leitão (PT).
A decisão do PT já teria sido comunicada ao governador Paulo Câmara. Por meio da secretaria de imprensa, ele afirmou que não iria se pronunciar sobre o assunto.
João Valadares, Folha de São Paulo