sexta-feira, 1 de junho de 2018

Petrobras despenca mais de 15% após saída de Parente


Sede da Petrobras, no Rio
Foto: Sergio Moraes/Reuters
Sede da Petrobras, no Rio - Sergio Moraes/Reuters
Ana Paula Ribeiro, O Globo
Papéis da BRF sobem 8%; Ibovespa recua 0,45% e dólar vai a R$ 3,758
renúncia do presidente da PetrobrasPedro Parente, provocou uma onda de vendas das ações da estatal e levou a B3 a suspender os negócios com os papéis. Na retomada da negociação, a queda foi profunda e pouco após as 13h superava os 15%, comportamento similar ao registrado em Nova York. A pressão sobre os papéis da petroleira também afetou o Ibovespa, principal índice local. Após subir mais de 1,5% na abertura dos negócios, o indicador recua 0,45%, aos 76.403 pontos. Já o dólar comercial passou a ganhar força e agora sobe 0,56% ante o real, cotado a R$ 3,758.
Às 11h20, a Petrobras comunicou à decisão à Comissão de Valores Mobiliário (CVM), o que fez as ações caírem imediatamente. “A Petrobras informa que o senhor Pedro Parente pediu demissão do cargo de presidente da empresa na manhã de hoje. A nomeação de um CEO interino será examinada pelo Conselho de Administração da Petrobras ao longo do dia de hoje.”.


Quando algum acontecimento gera um forte movimento sobre um determinado papel, a B3 estabelece um período de suspensão das negociações para que a volatilidade se reduza e os papéis voltem à negociação normal. A paralisação durou cerca de 1 hora. Na volta desse leilão, os papéis despencaram e chegaram a ter uma queda superior a 20%.
As preferenciais (PNs, sem direito a voto) recuam agora 15,80%, cotadas a R$ 15,98. Antes do anúncio, subiam mais de 3%. Já no caso das ordinárias (ONs, com direito a voto), a desavalorização é de 15,41%, a R$ 18,77, sendo que antes subiam quase 3%. Não tem circuit braker (paralisação) quando há uma queda forte em um determinado papel.

Os recibos de ações negociados na Bolsa americana (ADRs, na sigla em inglês) também caem forte. O tombo é de 15,35%, para US$ 10,04.

Fabio Macedo, gerente comercial da Easynvest, explica que essa forte queda reflete a incerteza em relação á administração da estatal. 

- A queda é decorrente dessa incerteza porque não se sabe qual gestão será adotada daqui para frente. O Parente tinha uma postura que agradava aos agentes do mercado financeiro devido à política de preços. Agora não se sabe o que vai acontecer e, com o temor de maior intervenção do governo, os papeís acabam derretendo - explicou.

Os papéis da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, também entraram em leilão e agora sobem 8,07%, a R$ 23,15. O agora ex-presidente da Petrobras é presidente do Conselho de Administração da BRF. O cargo de diretor-presidente da BRF está sendo ocupado de forma interina pelo diretor financeiro, Lorival Nogueira Luz.

A aversão ao risco com a saída de Parente foi geral. O risco país do Brasil, medido pelos CDSs (credit default swaps, que funcionam como uma espécie de seguro para o investidor que compra papeís do país) sobe mais de 4,5%, para 236 pontos.

O pregão era de recuperação na Bolsa brasileira, que seguia o comportamento dos principais indicadores no exterior. Entre as mais negociadas, as da Vale sobem 2,17%. Os bancos, de maior peso na composição do índice, operam em alta. As preferenciais do Itaú Unibanco e do Bradesco sobem, respectivamente, 1,51% e 2,36%. A exceção é o Banco do Brasil, que cai 1,67%.

No exterior, o “dollar index”, que mede o comportamento da divisa americana frente a uma cesta de dez moedas, opera em alta de 0,19%.