Pedro Parente deixará o cargo da Petrobras pelo mesmo motivo que Maria Silvia Bastos saiu do BNDES. Ambos tentaram implementar uma gestão empresarial sem interferências políticas, em um país acostumado com o jeitinho e os subsídios setoriais não contabilizados no Orçamento.
A resposta do governo Temer à greve dos caminhoneiros deixou Parente em uma posição insustentável. De salvador da empresa, ele passou a ser o culpado pela alta dos combustíveis, e não é da natureza dele ser parte do problema. No auge da crise, ele não sairia, mas depois era previsível que deixasse o governo à vontade.
O especialista em energia Adriano Pires, do CBIE, lembra que o valor de mercado da Petrobras aumentou quatro vezes desde a chegada de Parente. Agora, acha que o futuro da companhia é incerto, porque será escolhido um nome tampão, para conduzir a empresa até dezembro, quando se encerra o governo Temer.
- O que vimos durante esta crise é que controle de preços no Brasil não é coisa do passado. Achávamos que esse tema estivesse superado depois de tudo que aconteceu no governo Dilma e os prejuízos de US$ 40 bilhões à Petrobras com esses subsídios. Pedro Parente salvou a Petrobras de sua maior crise, e agora está acusado de ser o culpado pela alta do diesel. Voltamos ao passado, é um retrocesso enorme - avalia Pires.
Pires considera inviável a proposta feita pelo governo Temer ao setor de diesel, com tabelamento de preços nos postos de gasolina e cálculos feitos pela ANP para definir a indenização à Petrobras. Por isso, avalia que o executivo foi coerente ao pedir para deixar a empresa.