Wálter Nunes, Folha de São Paulo
Dario Messer tem a fama de não perder uma boa festa e nem faltar a um grande escândalo.
Desde a década de 1990, o doleiro, considerado o maior do país e um dos mais importantes do mundo, frequenta as páginas dos jornais. Ora estampando notas em colunas sociais cercado de amigos famosos, outras vezes protagonizando o noticiário policial. Há momentos até em que tudo isso se confunde.
Entre as celebridades com quem Dario Messer brindou em badalações exclusivas está o ex-jogador de futebol Ronaldo Nazário, o Fenômeno. Eles se conheceram pelas mãos dos então empresários do craque, Reinaldo Pitta e Alexandre Martins.
A afinidade foi tamanha que em 1998 Ronaldo voltou da Europa, onde jogava pela Internazionale de Milão, para inaugurar no Rio de Janeiro a boate R9, que tinha Pitta, Martins e Messer como sócios.
Ronaldo disse nesta quinta (3), via assessoria, que apesar de na época ter sido tratado pelos jornalistas que cobriram as três inaugurações estreladas por ele como um dos donos da casa noturna, não participava do negócio, batizado com sua marca.
Em 2002, menos de quatro meses depois da conquista do pentacampeonato da Copa do Mundo, Ronaldo e Dario Messer foram festejar na Rússia. Uma nota do jornal O Globo dizia que a viagem aconteceu em um avião de um genro milionário de Vladmir Putin, presidente do país.
No ano seguinte, porém, a notícia que expunha a relação de Messer com os empresários do jogador foi menos festiva.
Pitta e Martins foram presos pela Polícia Federal acusados de usar funcionários de suas empresas como laranjas em transações que consistiam no envio de milhões de dólares para o exterior com a ajuda de funcionários lotados na Receita Federal do Rio de Janeiro.
Ronaldo nada tinha a ver com o caso. Mas não demorou para os policiais desconfiarem de que Dario Messer tinha participação no esquema. O doleiro não esperou ser chamado a dar explicações. Naturalizou-se paraguaio e mudou-se com toda família para Nova Iorque.
O caso, que ficou conhecido como Propinoduto dos Fiscais, levou Dario Messer a virar alvo também da CPI do Banestado, que apurou um esquema de lavagem de dinheiro por meio de contas CC5, operadas via o Banco do Estado do Paraná.
Em 2005, após a descoberta do mensalão, esquema de compra de apoio parlamentar pelo governo petista, Toninho da Barcelona, também um doleiro importante, declarou que Dario Messer seria o principal operador de caixa dois do Partido dos Trabalhadores.
Messer foi convocado a depor na CPI dos Correios, criada na esteira do escândalo, mas assim como nas outras convocações ele não foi encontrado sequer para ser intimado.
Após a sequência de denúncias, o doleiro fez circular a informação de que estava fora do mercado de câmbio. Espalhou, em 2006, que teria deixado as tentações mundanas de lado para se dedicar à ioga.
Mas em 2009, ele foi novamente alvo da PF na Operação Sexta-Feira 13, que investigou um fluxo de mais de US$ 20 milhões em paraísos fiscais, um esquema que funcionava desde 1997. A mulher do doleiro, Rosana Messer, foi encontrada e detida, mas ele mais uma vez não foi pego.
Na manhã desta quinta-feira (3), o juiz Marcelo Bretas, da Lava Jato fluminense, assinou um mandado de prisão contra Messer. Mais uma vez ele não foi localizado e é considerado foragido da Justiça. Levando em conta seu histórico, não será fácil encontrá-lo.