segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Joalheria entrega à PF nota fiscal de R$ 600 mil de Sérgio Cabral por anel de ouro com rubi

Julia Affonso, Ricardo Brandt, Mateus Coutinho e Fausto Macedo - O Estado de São Paulo

Ex-governador do Rio e a mulher, a advogada Adriana Ancelmo, fizeram pagamentos de mais de R$ 1,9 milhão por anéis, colares e brincos, segundo documentos encaminhados pela H.Stern à Operação Calicute


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O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) gastou R$ 1,372 milhão em quatro anéis e um colar da H. Stern, entre 2013 e 2015, segundo notas fiscais entregues pela joalheria à Polícia Federal, na Operação Calicute. Foram comprados um colar de ouro nobre 18k com diamante, avaliado em R$ 81 mil, um anel de ouro nobre 18k com diamante, R$ 30 mil, um anel de ouro amarelo 18k com rubi, R$ 600 mil, um anel de ouro branco 18k com Brilhante Solitário, R$ 319 mil, e um anel de ouro branco 18k com esmeralda, R$ 342 mil.
A joalheria H.Stern encaminhou à Operação Calicute, ‘notas fiscais e certificados’ de compras de Sérgio Cabral, de sua mulher a advogada Adriana Ancelmo e de outros investigados na Calicute. Juntos, Sérgio e Adriana Cabral gastaram menos R$ 1.931.828,00 em joias, segundo as notas fiscais entregues pela HStern.
O juiz federal Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal, do Rio havia ordenado a entrega da documentação emitida ao peemedebista, outros 11 investigados e 43 empresas na mira da investigação que prendeu o ex-governador do Rio em 17 de novembro. Naquele mesmo dia, em depoimento à Polícia Federal, a diretor comercial da H.Stern, Maria Luiza Trotta, afirmou que levava joias, anéis de brilhante e pedras preciosas, na residência de Sérgio Cabral, para que o ex-governador e sua mulher fizessem uma ‘seleção’ da peça a ser escolhida. Segundo Maria Trotta, os pagamentos era feitos em dinheiro vivo.
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As notas fiscais e certificados encaminhados à Polícia Federal pela joalheria são referentes ao casal Cabral, aos supostos operadores do ex-governador e as respectivas mulheres.
Uma das notas, em nome do ‘consumidor’ Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho aponta R$ 111 mil e forma de pagamento ‘dinheiro’. O valor foi desembolsado por um colar de ouro nobre 18k com diamante, de R$ 81 mil, e um anel de ouro nobre 18k com diamante, R$ 30 mil.
Em agosto de 2012, uma nota fiscal aponta que Adriana Ancelmo comprou um brinco de ouro branco 18k com turmalina por R$ 305 mil. Certificados emitidos pela joalheria indicam ainda um brinco de ouro nobre 18k com esmeralda, por R$ 50 mil, e um colar de ouro nobre 18k com esmeralda, por R$ 165 mil.
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Planilha da joalheria aponta ainda uma compra de taça de cristal para água por R$ 2.770,00 e um vaso em cristal Baccarat, por R$ 16,5 mil, por Adriana Ancelmo.
No ofício enviado à Polícia Federal, a H.Stern informou que ‘nesse primeiro levantamento foram encontrados alguns certificados de produtos desacompanhados da respectiva nota fiscal, motivo pelo qual se procedeu a (re) emissão do título fiscal para não haver dúvidas sobre o recolhimento do imposto’.
“Informamos que com o objetivo de prestar nossa cabal colaboração com as investigações em curso, foram incluídos em nossas buscas alguns nomes de pessoas possivelmente ligadas aos investigadores, tendo logrado êxito em encontrar notas fiscais em nome das Sras Adriana de Lourdes Ancelmo Cabral, Maria Angélica Santos Miranda e Claudia de Moura Soares Bezerra, esposas, respectivamente, dos Srs. Sérgio de Oliveira Cabral Santos Filho, Carlos Emanuel de Carvalho Miranda e Luiz Carlos Bezerra”, relatou a joalheria.
Durante as buscas da Calicute na casa de Sérgio Cabral e Adriana Ancelmo, a Polícia Federal apreendeu estojos de com cerca de 300 anéis, braceletes, colares de pérola e pedras preciosas. As joias estão sendo analisadas por peritos.
A PF suspeita que o ex-governador usava a compra de joias para lavar dinheiro.
Sérgio Cabral é suspeito de comandar um esquema que girou R$ 224 milhões em corrupção e propinas. Os valores teriam saído de contratos de obras entre gigantes da construção civil e o Estado do Rio, durante seus dois mandatos, entre 2007 e 2014.
A reportagem procurou a defesa de Adriana Ancelmo e Sérgio Cabral. O espaço está aberto para manifestação.