Folha de São Paulo
Convidado pelo novo ministro da Cultura, Roberto Freire, para presidir a Funarte (Fundação Nacional das Artes), o ator e deputado federal pelo Rio de Janeiro Stepan Nercessian (PPS), aceitou assumir o comando do órgão.
Nercessian vai substituir Humberto Braga, que estava à frente da Funarte desde junho, quando foi convidado pelo então ministro Marcelo Calero. Calero pediu demissão da pasta no último dia 18, após acusar o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) de pressão para liberação de uma obra.
Em maio, quando o presidente Michel Temer transformou o ministério da Cultura em uma secretaria, o PPS defendeu o nome de Nercessian para ser o novo secretário. Sua nomeação, que ainda não foi publicada no Diário Oficial, foi antecipada pelo jornal "O Globo".
Ex-presidente do Sindicato dos Artistas, Nercessian militou no PCB (Partido Comunista Brasileiro) na década de 1960. Migrou para o PPS, oriundo do PCB, quando o partido foi fundado. Foi eleito vereador do Rio de Janeiro em 2004 e reeleito em 2008. Em 2010, concorreu a deputado federal e conquistou o cargo com mais 80 mil votos.
Em 2012, grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que levou à prisão do empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, indicaram que Cachoeira emprestara R$ 175 mil a Nercessian.
Desse total, R$ 160 mil, segundo o deputado, serviram para pagar um imóvel no Rio, e os outros R$ 15 mil para a compra de ingressos no Carnaval. O inquérito contra Nercessian foi arquivado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), a pedido do ministro Ricardo Lewandowski, seguindo recomendação do Ministério Público Federal, que não encontrou indícios suficientes para continuar a investigação.
NAS TELAS
Nercessian começou a carreira de ator no fim da década de 1960, protagonizando "Marcelo Zona Sul", de Xavier de Oliveira.
Em 1971, passou a trabalhar na Globo, onde participou de novelas como "Kubanacan" (2003), "Desejos de Mulher" (2002), "Força de Um Desejo" (1999), "Pátria Minha" (1994), "Mulheres de Areia", "Felicidade" (1991), "O Sorriso do Lagarto" (1991) e "Vale Tudo" (1988).
No cinema, também trabalhou com diretores como Cacá Diegues, nos filmes "Deus É Brasileiro" (2003) e "Orfeu" (1999), e Hector Babenco, em "Lúcio Flávio, o Passageiro da Agonia" (1977).