É possível impedir que as conversas do presidente da República sejam gravadas – mas não é fácil e está longe de ser barato. Não há um protocolo padrão e muito menos versões comerciais seguras. A rigor, a preservação das comunicações exige um projeto específico, desenhado sob medida, gerenciado em tempo integral. As principais empresas especializadas estão em Israel, nos Estados Unidos e no Reino Unido. Nenhuma delas comenta essa linha de trabalho.
Evitar os registros eletrônicos das audiências no Palácio do Planalto pode implicar certo constrangimento. A maior parte dos sistemas não bloqueia a gravação, mas acusa a presença do dispositivo de captação, ainda que seja um trivial celular inadvertidamente mantido ativo. A praxe é deixá-lo fora da sala.
O americano Barack Obama emprega um modelo especialmente desenvolvido para ele. Segundo o ex-diretor da CIA e ex-secretário de Defesa dos Estados Unidos Leon Panetta, a forma mais segura de driblar as escutas é “realizar reuniões dentro de uma sauna, com todos os participantes sem roupas”. Há esquemas mais radicais. Na visita do russo Vladimir Putin ao Rio, em 2014, as torres das redes de telefonia móvel saíam do ar quando a comitiva do presidente se aproximava e voltavam a operar minutos depois da passagem dos carros.
Os recursos mais confiáveis são as gaiolas eletrônicas, uma espécie de rede de sinais virtuais cobrindo todo o ambiente. Podem ser acionadas no modo de identificação do gravador ou de interferência, o que eventualmente pode afetar outras máquinas. No caso de Michel Temer, a proteção teria de ser estendida à casa e ao escritório do presidente em São Paulo.