É a partitura musical com o valor mais alto de sempre em leilão. A Sinfonia nº2 de Gustav Mahler, Ressurreição, atingiu na manhã desta terça-feira o preço recorde de 4,54 milhões de libras (5,32 milhões de euros) no leilão da Sotheby’s. Com 232 páginas, o manuscrito original tinha o preço base de licitação de 3,9 milhões de libras (cerca de 4,57 milhões de euros). O leilão teve quatro arrematantes por telefone, mas o vencedor escolheu manter o anonimato.
Em comunicado citado pela BBC News, a casa de leilões refere que “este valor estabelece um novo recorde em leilão para uma partitura musical”. A obra, que demora hora e meia a ser tocada na sua integridade, foi escrita no século XIX e é considerada uma das sinfonias mais importantes da História. A única venda de magnitude comparável aconteceu em 1987, quando um manuscrito com nove sinfonias de Mozart foi vendido em Londres por 2,5 milhões de libras (cerca de 2,93 milhões de euros).
Já um manuscrito controverso que a Sotheby’s afirmou ser de Beethoven não teve o mesmo destino. Na semana passada, a autenticidade da obra
Allegretto in B minor (1817) foi questionada por Barry Cooper, musicólogo e especialista em Beethoven. “Há uma ligeira ambiguidade em algumas das notas, enquanto noutras é claro que quem as copiou simplesmente fê-lo de uma forma que Beethoven não faria”,
disse no programa Today da BBC Radio 4. Cooper insistiu que o documento não foi escrito por Beethoven e que os bequadros (símbolos que servem para cancelar os bemóis e sustenidos das notas) não são os típicos da sua mão. “As curvas desta cópia são muito mais acentuadas e elegantes do que noutros manuscritos de Beethoven”, acrescentou.
A Sotheby’s, no entanto, manteve a sua posição relativamente ao manuscrito, que se esperava que pudesse atingir o valor de 200 mil libras (235 mil euros). “Se cometêssemos um erro, teríamos de pagar. Por isso, chamei dois especialistas a quem tenho mostrado manuscritos ao longo dos últimos 25 anos e em quem aprendi a confiar pela sua especialização e capacidade”, disse Simon Maguire, director do departamento de manuscritos e livros na Sotheby's. O manuscrito não foi vendido, mas o leilão provou que a sinfonia de Mahler continua bem viva,
após três décadas a percorrer o mundo pelas mãos do maestro Gillbert Kaplah, seu anterior dono.