segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Foi a eleição que teve mais caixa 2 da história, diz Nelson Marchezan

UOL


O prefeito eleito de Porto Alegre (RS), Nelson Marchezan Jr. (PSDB), afirmou nesta segunda-feira (31) durante entrevista ao UOL que essa eleição foi a "com o maior volume de caixa dois na história das campanhas no Brasil", ao criticar a proibição de doações de empresas a campanhas eleitorais. "Sempre defendi o financiamento privado de pessoas jurídicas nas campanhas, senão você acaba tendo de concorrer com corruptos que fazem caixa dois. É só comparar as despesas de determinados candidatos para ver isso", afirmou.
Questionado pelo blogueiro do UOL Josias de Souza sobre o risco de o financiamento de campanhas por empresas abrir margem para que elas sejam beneficiadas com contratos no governo eleito, Marchezan Jr afirmou que não se pode ter "preconceito" com o empresário que doa.
"Eu acho um preconceito de falar do empresário quando doa [quer algo em troca]. Quase metade da arrecadação do meu adversário foi de cargos de comissão. Tu acha que é mais fácil o empresário bem de vida que quer o bem da sua cidade fazer uma doação porque quer o bem ou alguém que depende do seu salário da prefeitura? Tu acha que ele [o comissionado] quer o bem público ou quer manter o seu salário?", questionou de volta.
Ele afirmou que podem existir três tipos de financiamentos possíveis para as campanhas: recursos do tesouro, dos empresários e das pessoas físicas. "As alternativas me parecem que são essas. Se limitar [as doações] só a pessoa física, estaremos estimulamos os corruptos a serem vitoriosos. Se as doações forem transparentes, não tenho preconceito", disse.
Ele disse que contou com a ajuda de "10 a 20 pessoas, sem ligação com partidos políticos", para conseguir fazer a campanha e sair vitorioso do pleito. "Tivemos êxito na busca de recursos legais para fazer a campanha, mas ainda estamos devendo. Temos até o dia 19 para quitar essas dívidas", afirmou.

Apoio de gigantes da Gerdau

Neste ano, as doações de empresas para campanhas eleitorais foram proibidas. Mesmo assim, os maiores colaboradores da campanha de Marchezan, segundo prestação de contas no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), foram Frederico e Richard Gerdau Johannpeter, executivos de uma das mais importantes empresas metalúrgicas do Brasil. As doações dos dois somaram R$ 200 mil. O presidente do grupo Localiza, José Salim Mattar Júnior, também doou quantia importante, R$ 150 mil. 
Ao todo, Marchezan angariou R$2.942.855,17 para a sua campanha. Já seu adversário, Sebastião Melo (PMDB), arrecadou R$1.558.300. Também recebeu doação de um executivo da Gerdau, Klaus Gerdau Johannpeter, no valor de R$ 100 mil. 
Em 2014, quando ainda as doações de empresas eram liberadas, a campanha de Marchezan para deputado federal recebeu doações legais de empreiteiras e de empresas envolvidas na Lava Jato e em outras investigações. 
A Odebrecht e a Quantiq (distribuidora da Braskem, ligada à Odebrecht) doaram, juntas, R$ 55 mil à campanha do tucano. Por meio do diretório nacional do PSDB, a campanha de Marchezan recebeu, ainda, mais R$ 100 mil da Odebrecht Óleo e Gás, R$ 100 mil da Hangar (que tem a Odebrecht como uma de suas sócias) e mais R$ 60 mil da Quantiq.