domingo, 30 de outubro de 2016

Disputa em BH é teste para pretensões de Aécio para 2018

A eleição deste domingo (30) em Belo Horizonte é vista como uma disputa que, para o PSDB, vai além do comando da cidade. Caso o tucano João Leite perca para o estreante Alexandre Kalil (PHS), será uma nova derrota de um aliado do presidente nacional do partido, senador Aécio Neves, em casa.

Aécio mede forças com o governador Geraldo Alckmin (SP) para se viabilizar como candidato do PSDB ao Planalto em 2018. Em 2014, além de perder a eleição presidencial, o senador viu seu candidato ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, ser derrotado por Fernando Pimentel (PT).

Aliados de Aécio reconhecem nos bastidores a importância da vitória em BH, mas têm minimizado seu impacto no plano nacional –Leite aparece em empate técnico, mas numericamente atrás de Kalil nas últimas pesquisas.

"É uma expectativa falsa. A eleição municipal não é o prefácio da nacional. O Aécio não está em julgamento", diz o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG).

No primeiro turno, Leite liderou com folga as pesquisas de intenção de voto. Declarava não ser "o candidato do Aécio", que fez apenas uma breve aparição em seu programa. Num distante segundo lugar vinha Kalil, ex-presidente do Atlético-MG.

Deputado estadual em sexto mandato, Leite também é conhecido por sua ligação com o Atlético: foi o goleiro que mais vestiu a camisa do clube, nos anos 70 e 80. Chegou a disputar e perder a Prefeitura de BH em 2000 e 2004.

No segundo turno, com o crescimento de Kalil, o envolvimento do grupo de Aécio com a campanha se intensificou. A irmã do senador, Andrea, passou a ser apontada como o cérebro do programa eleitoral, e o próprio Aécio pediu votos na quinta (27).

Para Pestana, Kalil "é um 'outsider' agressivo, que faz uma campanha protofascista, antidemocracia". "Ele tenta potencializar os efeitos da Lava Jato, desse ambiente de rejeição ao sistema político, atacando todos os líderes. Não é só o Aécio [citado nas investigações], é o Pimentel, é o Marcio Lacerda, todos os políticos tradicionais."

Kalil se promoveu com o slogan "Chega de político", e tem acusado Leite de ser "projeto para 2018", não alguém preocupado com BH.

O ex-cartola tem entre seus apoiadores ex-petistas e ex-tucanos. Seu vice, o deputado estadual Paulo Lamac (Rede), foi filiado ao PT e era próximo de Pimentel.

O coordenador de campanha, Gabriel Azevedo, era ligado à Juventude do PSDB e critica Leite, "um político de seis mandatos que só representa um remendo pela ausência de renovação que acomete o PSDB mineiro".

Apesar de não declarar publicamente apoio, petistas atuam nos bastidores em prol de Kalil, que já disse em entrevistas que naturalmente petistas devem votar nele, porque não vão "apertar o 45", número do PSDB.

Grupos de esquerda têm se inclinado a votar em Kalil em movimento anti-Aécio. O PC do B divulgou apoio em que disse que o ex-cartola ajudaria a combater "forças golpistas". No mesmo dia, Kalil disse estar "fora dessa briga".