Prefeito eleito do Rio de Janeiro, o senador Marcelo Crivella (PRB) afirmou na manhã desta segunda-feira (31), durante visita para agradecer os eleitores do bairro de Santa Cruz, na zona oeste da cidade, que fará uma "caça aos valores" para montar um secretariado técnico, "que deverá ser muito enxuto".
"O povo requer de nós um governo austero. Nós estamos em pleno ajuste fiscal, e portanto todos precisam compreender que o número de secretarias será menos da metade [que as atuais 29 pastas]", declarou Crivella, que prometeu gastar com "muita criatividade, seletividade e prioridade".
Ele prometeu ainda um governo transparente e, "acima de tudo, honesto".
Segundo o prefeito eleito, os aliados que o apoiaram durante a campanha não necessariamente ocuparão secretarias, mas farão parcerias nas políticas. "Ouvirei a voz maiúscula das urnas de que é preciso cuidar das pessoas, e todos eles estão convencidos disso", disse.
O senador afirmou ainda que o prefeito Eduardo Paes (PMDB) foi muito generoso ao lhe telefonar para parabenizá-lo e dar início ao processo de transição.
"Passada a eleição, aqueles que têm a índole, a natureza e a vocação da política sabem que é preciso para governar paz. E a paz é o fim de todas as ofensas, injúrias e calúnias. Agora é hora de se unir. O Rio precisa da união, porque é da união que vem a força."
Crivella falou ainda que pretende fazer parcerias com o Governo Federal. "Nós não faremos no Rio de Janeiro um bunker ideológico de 'fora, Temer'. O Estado já está em crise. As demandas da educação e da saúde muitas vezes recaem sobre o município, então nós precisamos de parcerias", disse.
Mais dívidas, menos investimentos
O prefeito eleito assumirá, no dia 1º de janeiro de 2017, com menos recursos para gastar e mais dívidas a pagar. Isso é o que indica a proposta para o Orçamento da capital fluminense enviada à Câmara dos Vereadores pelo atual prefeito, Eduardo Paes (PMDB), ainda no começo deste mês.
No primeiro ano da gestão de Crivella, a Prefeitura do Rio deve ter R$ 29,5 bilhões disponíveis para pagar salários, obras, prestações de empréstimos e outras contas. Esse valor é 9,2% menor do que os R$ 32,5 bilhões previstos na lei orçamentária de 2016 (valor já corrigido pela inflação medida pelo IPCA --Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). "A situação financeira entregue à próxima administração será de equilíbrio", afirmou a assessoria de imprensa do gabinete do atual prefeito ao UOL.
Apesar da queda nos recursos disponíveis, Crivella será responsável por garantir que a prefeitura honre com ainda mais dívidas em 2017 do que em 2016. A proposta de Orçamento elaborada por Paes reserva R$ 1,3 bilhão para prestações de financiamentos e seus juros. Isso é 31% a mais do que os R$ 989,5 milhões (valor corrigido) reservados em 2016 para as mesmas despesas.