Segundo turno confirma que o governador de São Paulo é o grande vencedor das eleições de 2016
O segundo turno confirmou que o governador Geraldo Alckmin é o grande vencedor das eleições de 2016. Além da vitória espetacular de João Doria no primeiro turno na capital de São Paulo, Alckmin tirou o ABC paulista do PT, encorpou o PSB e, apesar de não poder comemorar ostensivamente, avança várias casas no tabuleiro tucano com a terceira derrota consecutiva de Aécio Neves, seu adversário para 2018 no PSDB.
Se o PT é o grande derrotado das eleições, caindo de terceiro para décimo lugar em prefeituras conquistadas, o PSDB é o que mais tem o que comemorar. Apesar de o PMDB continuar liderando em número de prefeitos, são os tucanos que vão governar o maior número de habitantes e, consequentemente, de eleitores.
Se é assim, o candidato do PSDB à sucessão do presidente Michel Temer sai na “pole position”. Mas quem será esse candidato? Pelas urnas municipais, Alckmin está à frente de Aécio e continua avançando, enquanto o também paulista José Serra prefere se recolher, neste momento, ao Itamaraty.
Das 18 prefeituras de capitais onde houve eleição ontem, o PSDB disputou em oito e venceu em cinco, o que seria um resultado muito bom não fossem três derrotas doídas: em Campo Grande e Cuiabá, apesar de os dois governadores serem tucanos, e principalmente em Belo Horizonte, uma das três principais capitais do País. Aécio perdeu surpreendentemente para Dilma Rousseff em Minas na eleição presidencial, perdeu também o governo do seu estado para o PT em 2014 e, agora, nova derrota com a eleição de Alexandre Kalil, do PHS, para a capital.
Aliás, confirmou-se ontem a força do não voto (abstenção, nulo e em branco) e a enorme pulverização partidária dessas eleições, com gosto para tudo, da esquerda à direita. Só o PSOL sobrou. Tomando-se o segundo turno e as capitais, o Sul ficou repartido entre PSDB, PMN e PMDB; o Sudeste, entre PPS, PRB e PHS; o Nordeste, entre duas vitórias do PDT e as demais do PSB, PSDB e PCdoB; e no Centro-Oeste, duas do PMDB e uma do PSD. Só no Norte não houve pulverização: foram três tucanos e um da Rede.
Como registro, o PT amargou não só o resultado das urnas, mas algumas derrotas de grande significado e muito doídas para seus líderes originais. A maior delas é que nem o ex-presidente Lula nem a ex-presidente Dilma se dignaram a votar. Se não têm candidato do PT, não votam. Mas há outras, como a derrota contundente do partido para o PSDB em duas cidades emblemáticas, São Bernardo do Campo e Santo André, e a vitória tucana (leia-se de Alckmin) em outras grandes como Ribeirão Preto e Jundiaí. De 72 cidades em São Paulo, o PT caiu para oito.
Sem prefeituras, sem votos e sem perspectivas para 2018, o principal partido à esquerda vê crescer a possibilidade de, pela primeira vez, apoiar um candidato fora da sigla. Desponta o nome de Ciro Gomes, depois de o PDT ganhar em Fortaleza, no seu Ceará, e em São Luís. Mas o pior para o PT nem é isso: é o crescimento de seu adversário mais direto desde a redemocratização e principalmente a partir da eleição de Fernando Henrique Cardoso em 1994: o PSDB. A ressalva é que, com a Lava Jato e a dinâmica estonteante da política brasileira, dá para analisar o cenário de hoje, mas ainda é cedo para qualquer aposta para 2018.