Consolidado o fracasso do PT —a sigla perdeu nas sete cidades em que disputou o segundo o turno—, deputados petistas iniciam um movimento pelo controle dos recursos do fundo partidário pensando nas eleições de 2018. Hoje, o PT tem direito a R$ 7,9 milhões mensais do orçamento distribuído às siglas.
Sob o argumento de que o tamanho da bancada é a base para a distribuição de recursos, os deputados reivindicam a verba para cobrir despesas de campanha —incluindo dívidas dos candidatos derrotados nas eleições municipais.
Outros militantes, porém, rejeitam a ideia, lembrando que a base é fundamental para a sobrevivência da sigla.
Ex-líder do governo, o deputado José Guimarães (CE) minimiza o debate interno, afirmando que "neste momento, a bancada discute tudo, inclusive o uso dos recurso do fundo". Na sua opinião, o PT deve insistir numa reforma interna e na defesa do financiamento público das campanhas eleitorais.
O atual líder da bancada do PT, Afonso Florence (BA) é contra esse movimento. "É verdade que os 'partidos' de direita loteiam o fundo partidários, mas somos de esquerda e dedicamos nosso fundo, prioritariamente, para trabalho partidário".
Para conter essa rebelião, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva convocou para o dia 7 uma reunião com as duas bancadas do PT no Congresso Nacional. O lançamento de uma campanha em defesa de Lula acontecerá no dia 10, data da reunião do Diretório Nacional do partido.
Até lá, Lula terá de conter também a briga pelo comando partidário e sua forma de escolha. A eleição do novo presidente da sigla divide as principais forças internas.
A Novo Rumo, integrada pelo atual presidente do PT, Rui Falcão, é simpática à candidatura do senador Lindbergh Farias (RJ). A CNB passou a trabalhar pela eleição do prefeito de São Bernardo do Campo (SP), Luiz Marinho. Líder da corrente, Lula ainda não desistiu do nome do ex-ministro Jaques Wagner.
O PT foi derrotado em todas as cidades em que disputou o segundo turno. Como alento, contabiliza a vitória de aliados em Fortaleza, Aracaju, Macapá e São Luís.
Na opinião de alguns petistas, a derrota de Aécio Neves (PSDB) em Belo Horizonte –o tucano João Leite perdeu para Alexandre Kalil (PHS)– também serve para mitigar esse fracasso.
"Mas essa foi uma eleição de líderes locais. Alguém vai dizer que o Aécio está derrotado em Minas por causa de Belo Horizonte?", pergunta José Guimarães.