O Palácio do Planalto comemorou o resultado do segundo turno das eleições municipais deste domingo (30), que consolidou a ampla base do governo do presidente Michel Temer, mas deixou claro que espera dos aliados disposição em "dividir o ônus" para enfrentar a crise.
"A pior coisa do mundo é aliado fraco. Aliado forte ajuda a carregar o ônus de enfrentar a crise", afirmou à Folha o ministro Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo).
Auxiliares de Temer admitem que os prefeitos devem aproveitar que fazem parte da base para pressionar o governo federal por socorro financeiro, visto que diversos municípios enfrentam situação fiscal difícil. Os ministros, porém, afirmam que os aliados "têm responsabilidade fiscal" e "sabem os limites" do governo.
"Os adversários também pediriam [dinheiro para equilibrar as contas públicas], mas é melhor ser pressionado por aliado do que por adversário", disse Geddel.
O ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) ecoa o colega de Esplanada e diz que o eleitor mostrou, no pleito municipal, que reconhece a importância da responsabilidade fiscal.
"Não há mais espaço para medidas irresponsáveis na área econômica, e os novos prefeitos, nossos aliados, sabem disso. Recuperar o país é o melhor caminho para ajudar governadores e prefeitos", afirmou Padilha.
O ministro também projeta a vitória de aliados para dentro do Congresso, onde o governo Temer precisa aprovar medidas consideradas fundamentais para a recuperação econômica, como a que estabelece um teto para os gastos públicos, que ainda será analisada pelo Senado, e a reforma da Previdência.
No primeiro turno, por exemplo, partidos da base de Temer elegeram mais de 4 mil prefeitos, comandando mais de 70% do eleitorado do país.
"O discurso do golpe não teve ressonância na população. Prevaleceu a responsabilidade, o que vai ajudar o trabalho que o presidente está fazendo para recuperar o país", disse Padilha em referência à derrota acachapante do PT, principal partido de oposição a Temer e que perdeu mais de 60% de suas prefeituras em relação a 2012.
Das 57 cidades em que aconteceu segundo turno, capitais como Rio de Janeiro, Porto Alegre, Manaus e Belém elegeram candidatos de partidos que têm lugar no ministério do governo Temer.
O PRB de Marcelo Crivella, vencedor no Rio, comanda o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, enquanto o PSDB, do gaúcho Nelson Marchezan, está à frente das Cidades, Relações Exteriores e Justiça.
ELEIÇÕES 2018
O resultado deste domingo (30) consolidou o PSDB como grande vitorioso da disputa municipal, conquistando mais de 800 prefeituras e tornando-se a segunda maior força política do país, atrás apenas do PMDB de Temer.
Os tucanos, que travam acirrada disputa interna pela indicação do partido para a disputa presidencial de 2018, viram o governador Geraldo Alckmin (SP) sair vitorioso sobre o presidente do partido, Aécio Neves (MG).
O paulista elegeu João Doria prefeito de São Paulo já no primeiro turno, enquanto Aécio não conseguiu eleger seu apadrinhado, João Leite, em Belo Horizonte no segundo.
No entanto, diante dos dilemas e do fortalecimento do partido aliado, principal fiador do ajuste fiscal do governo, os ministros de Temer preferem cautela quanto a uma possível aliança entre PMDB e PSDB para 2018.
"Falar em 2018 agora é devaneio, irresponsabilidade e inconsequência. Tem muitas barreiras para enfrentar antes de falar em 2018", afirma Geddel Vieira Lima.