Marlen Couto - O Globo
Índice de eleitores que não escolheram nenhum dos candidatos ultrapassa votos recebidos por Crivella
Na cidade do Rio, 2,034 milhões de eleitores não escolheram qualquer um dos Marcelos que disputaram a prefeitura — considerando abstenções e votos nulos ou em branco —, o que representa 41,5% dos moradores aptos a votar. O número é superior ao 1,7 milhão de votos conquistados pelo prefeito eleito, Marcelo Crivella (PRB), e também à média nacional, de 32,6%.
Tanto o não comparecimento às urnas quanto a participação de eleitores que votaram em branco ou nulo atingiram níveis inéditos, em comparação às últimas eleições municipais.
Nos dois turnos desta eleição municipal, o Rio registrou as maiores taxas entre as capitais brasileiras.
Ontem, a abstenção somou 26,85%, o que corresponde a 1,3 milhão de eleitores, número superior ao de votos recebidos pelo candidato derrotado Marcelo Freixo (PSOL). A média nacional foi de 21,5%. No primeiro turno, o não comparecimento no Rio foi de 24,3%. Em 2008, último ano em que houve segundo turno na cidade, atingiu 20,24%.
Também houve alta de eleitores que anularam ou votaram em branco. Eles somaram 719,4 mil, 20% dos que compareceram às urnas. No primeiro turno, eram 18,26%, enquanto no segundo turno de 2008 representavam apenas 8,6% do total.
Proporcionalmente, as abstenções foram maiores nas áreas centrais e na Zona Sul. Os votos em branco e nulos ficaram acima da média em bairros de todas as zonas da cidade, com destaque para Ipanema, onde somaram 24,2%.
O cientista político Paulo Baía diz que o crescimento do “eleitor de ninguém” não afetou tecnicamente a eleição, mas tem impacto político. Para o pesquisador, o tom agressivo das campanhas contribuiu para o recorde.
— Esses eleitores não acreditam no sistema político, nos políticos e nos partidos — avalia.