O “projeto de nação idealizado por Deus para o Seu povo” existe. Um esboço encontra-se no recém-lançado “Plano de poder — Deus, os cristãos e a política”, assinado pelo tio de Crivella e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, Edir Macedo, em parceria com o jornalista Carlos Oliveira.
O senador Crivella é missionário numa nova experiência eleitoral, construída a partir de engajamento, consenso e mobilização de agrupamentos evangélicos, sob patrocínio da Universal, uma das maiores e mais ricas organizações neopentecostais do país. Possui seis mil templos, 23 concessões de televisões, 20 retransmissoras e 76 rádios cobrindo 80% do território nacional. Também tem um braço partidário, o PRB, com 22 deputados federais, 80 prefeitos e 1,3 mil vereadores.
Com platitudes (“vamos cuidar das pessoas”), e tentando descolar sua imagem da Universal, conforme prescrevia o receituário de marketing da própria igreja, Crivella extraiu das urnas 1,6 milhão de votos — cerca de 300 mil menos que a soma de ausências, votos nulos e em branco, o que não deixa de ser sugestivo.
Ele confirmou na segunda maior cidade brasileira o potencial de influência de uma coalizão impulsionada pelos evangélicos, montada para decidir uma eleição “tanto no Legislativo, quanto no Executivo”, como escreveu seu tio e mentor em “Plano de poder”.
Crivella vai tentar transformar o Rio em vitrine desse projeto religioso-conservador.
O objetivo é a conquista do poder no “interesse de Deus” para que “Seu projeto de nação se conclua”. Será protagonista de um teste para o Estado laico no Brasil.