Foto: Reprodução / Odebrecht
A Polícia Federal (PF) reuniu, em um relatório, e-mails internos do grupo Odebrecht para reforçar a versão de que o ex-presidente Lula era tratado como “amigo” na cúpula da empreiteira.
Uma planilha indica o apelido como recebedor de pelo menos R$ 8 milhões da empresa. As mensagens foram coletadas de 2006 a 2014 e apontam várias ocasiões em que o grupo Odebrecht recorreu – ou pretendia recorrer – ao “amigo de EO [Emílio Odebrecht, pai de Marcelo]” para defender interesses da empresa.
A maior parte dos “serviços” de Lula seriam de interlocução com governantes da América Latina e da África onde a Odebrecht tinha obras. Na maioria dos e-mails, os executivos narram reuniões com o “amigo” ou discutem se é preciso acioná-lo. A PF reforça a convicção de que se trata de Lula porque as datas dos e-mails batem com as viagens dele, durante e depois de deixar a Presidência.
Em alguns casos, pelo que os textos dão a entender, o próprio Lula pedia favores à Odebrecht. Em 2007, por exemplo, os diretores discutiam a entrega de um sumário sobre a Usina de Santo Antônio, no Madeira (RO), que o petista teria encomendado.
“[Lula] pediu que providenciássemos um Estudo/ Plano Social, cujo teor ele possa usar politicamente”, escreve o diretor Claudio Melo Filho a Marcelo Odebrecht.
Meses mais tarde outro executivo do grupo, Irineu Meireles, escreve que, conforme a situação do contrato da mesma obra, “ainda teremos o recurso ao amigo de seu pai”.
A relação continuou quando Lula deixou o Planalto. No início de 2014, executivos discutem o roteiro de Lula em visitas a Cuba e a países africanos, e quando Odebrecht deve se juntar a ele na viagem. Não há evidências de ilegalidades nos e-mails, que foram elencados pela PF para demonstrar que o ex-presidente é o “amigo” citado.
A defesa de Lula afirma que a PF se baseia em ‘achismos’ e que “a Lava Jato inventa acusações contra Lula com uma tabela de Excel, sem nenhuma base em provas ou movimentações financeiras”.