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Trabalhador organiza produtos japoneses em supermercado de Cingapura |
DA REUTERS
Com o tradicional motor das exportações japonesas, formado por carros e eletrônicos, já não acelerando mais, o país está apostando em sua culinária gourmet para abrir uma nova frente nas vendas para o exterior.
O primeiro-ministro Shinzo Abe já afirmou que pretende aumentar em um terço as exportações agrícolas nos próximos três anos, para 1 trilhão de ienes (cerca de R$ 31 bilhões). Especialistas dizem, no entanto, que a meta teria de ser mais ambiciosa caso o país realmente queira que os alimentos ganhem relevância no comércio externo.
"A Itália usa a sua tradição gastronômica para incentivar as exportações de alimentos, e a França faz o mesmo com o vinho", afirmou Katsunori Nakazawa, chefe da divisão de promoção de exportações do Ministério da Agricultura.
"Eu desejo o mesmo para a comida japonesa. Se nossos produtores não venderem para fora, a nossa indústria agrícola não vai crescer", disse.
A receita para atingir essa meta parece simples: melhora na logística, investimento em publicidade e aposta nas redes sociais. Sem esquecer o ingrediente especial -lobby com outros governos.
No caso da China, quarto maior destino das exportações de alimentos japoneses, o governo de Shinzo Abe quer negociar com Pequim a abertura de mercado para laticínios e carnes bovina e suína.
Além disso, pretende retirar as restrições de importação adotadas pelos chineses após o desastre com a usina nuclear de Fukushima.
As exportações de arroz para a China estão crescendo rápido, por isso os planos do Japão incluem aumentar o número de unidades de processamento que estão autorizadas a vender para a segunda maior economia mundial.
No Sudeste Asiático, a Malásia está na mira do lobby da carne bovina japonesa. Tóquio também pretende vender mais arroz, frutas e chá verde para Tailândia e Vietnã.
Na Europa, a venda de saquê e chá verde já cresce forte, e o Japão quer aumentar os esforços de marketing para popularizar as marcas.
Além disso, o governo já separou cerca de US$ 200 milhões para melhorar a infraestrutura da exportação agropecuária -melhores unidades de armazenamento nas áreas de aeroportos, por exemplo.
"Acho que podemos chegar a 1 trilhão de ienes facilmente, então temos de pensar na próxima meta", disse Yasufumi Miwa, conselheiro do Ministério da Agricultura.
"Quando chegarmos a 5 trilhões de ienes, a agricultura poderá ser um dos sustentáculos das exportações, ao lado de carros e eletrônicos."