domingo, 30 de outubro de 2016

PT deve perder também no Recife e ficar sem nenhuma grande cidade do Nordeste

Partido que já foi o mais forte do Nordeste, o PT tem neste domingo (30) sua última chance de fazer um prefeito em uma das 17 cidades com mais de 200 mil eleitores da região nestas eleições.

Os petistas disputam o segundo turno no Recife e em Vitória da Conquista (BA). Nas duas cidades, contudo, seus candidatos aparecem atrás dos adversários nas pesquisas de intenção de voto.

No primeiro turno, o PT elegeu 256 prefeitos no país, sendo 113 no Nordeste. A Bahia é o Estado da região com mais prefeitos petistas, com 39 –queda de 58% em relação a 2012. O único Estado onde houve crescimento foi o Piauí, com 38 prefeitos. Os dois Estados, além do Ceará, são governados por petistas.

No Recife, o ex-prefeito João Paulo Lima e Silva tenta voltar ao comando da capital do Estado em que o seu partido conquistou apenas sete das 184 prefeituras, equivalente a 3,8% do total.


Já em Vitória da Conquista, sudoeste da Bahia, o ex-prefeito José Raimundo (PT) disputa contra o radialista Herzem Gusmão (PMDB), candidato ligado ao ministro Geddel Vieira Lima.

A cidade baiana é governada pelo PT desde 1996 e divide com Pintadas, no sertão da Bahia, o título de cidade com governo mais longevo do PT no país. Em Pintadas, o ciclo foi encerrado: a candidata do PT perdeu as eleições.

Petistas apontam o desgaste da imagem do partido por causa das investigações da Lava Jato como principal motivo para o resultado ruim.

"Sem dúvida a maior dificuldade que João Paulo está enfrentando é ainda o desgaste que o PT viveu como sigla. A gente encontra muita gente que diz que gosta de João Paulo, que ele foi um grande prefeito, mas que, pelo menos neste momento, não quer votar no PT", afirma o senador Humberto Costa (PT-PE).

João Paulo atribui o enfraquecimento da sigla ao que considera um tratamento desigual dado pela mídia ao PT.

"[A Lava Jato] prejudicou a política como um todo. Se fosse dado um tratamento equânime, os resultados seriam equânimes", afirma o candidato, que ocultou de seu material de campanha a sigla do partido e a estrela que simboliza a legenda.

Para o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), aliado de Geraldo Julio, a Lava Jato não é o único fator que prejudica o PT.

"Em 2014, já houve início de recessão porque o Brasil teve crescimento zero. Isso provocou um despertar das pessoas, com desemprego, volta da inflação e a paralisação de muitas obras. A forma de governar do PT tinha se esgotado. Isso está se refletindo agora, em 2016, nas prefeituras e aqui em Pernambuco, principalmente", diz o governador.

O PT aponta também a dificuldade financeira como outra questão que complicou suas campanhas nesta eleição. Petistas ouvidos pela Folha estimam que, em Pernambuco, o partido deve terminar a eleição com uma dívida de R$ 1,5 milhão.

PADRINHOS OCULTOS

Ao contrário de disputas anteriores, os candidatos não exploraram tanto a imagem de seus padrinhos políticos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 2014.

Lula esteve no Recife apenas uma vez durante o primeiro turno. Nesta segunda etapa da campanha, ele não foi à capital pernambucana.

Também alvo da Lava Jato, Eduardo Campos foi lembrado discretamente em discursos de Geraldo Julio. O prefeito, no entanto, nega que as denúncias contra seu padrinho sejam o motivo para não utilizar o nome dele na campanha.

"Em 2012, ele estava vivo e fez a campanha comigo. Agora, em 2016, ele não está mais vivo. É só essa a razão", diz.

Colaborou JOÃO PEDRO PITOMBO, de Salvador