O senador Marcelo Crivella (PRB) continua na liderança de intenções de voto para a Prefeitura do Rio, mas com vantagem menor, de acordo com pesquisa divulgada nesta sábado (29) pelo Datafolha.
A um dia da votação no segundo turno, ele tem 58% das intenções de votos válidos contra 42% do deputado Marcelo Freixo (PSOL).
A diferença entre os dois caiu 10 pontos percentuais em relação à última pesquisa, divulgada na terça-feira (25), quando o senador estava 26 pontos percentuais a frente do rival.
A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. O Datafolha ouviu 2.384 eleitores na sexta-feira (28) e neste sábado (29). A pesquisa foi encomendada pela Folha em parceria com a TV Globo.
Quando considerados os votos totais, os dados mostram que 19% dos entrevistados declaram votar nulo e branco, enquanto outros 8% afirmam estar indecisos -mesmos percentuais do levantamento anterior. Neste cenário, Crivella tem 43% e Freixo 30%.
De acordo com o Datafolha, 91% dos eleitores que escolhem um dos candidatos ou declaram anular o voto estão totalmente decididos sobre sua opção.
Esta é a primeira pesquisa após a ausência de Crivella em entrevistas marcadas com a CBN, a TV Globo e o jornal "O Globo". O debate da TV Globo ocorreu na noite de sexta, ao qual 51% dos entrevistados assistiram. Para 31%, Crivella saiu-se melhor, enquanto Freixo foi superior para 24%.
Se confirmado o favoritismo, o senador do PRB vence pela primeira vez uma eleição majoritária após quatro tentativas frustradas –duas para a prefeitura, duas para o governo do Estado.
Os dados do Datafolha mostram que o apoio dos eleitores evangélicos é decisivo para a liderança de Crivella, bispo licenciado da Igreja Universal, nas pesquisas ao longo do segundo turno.
De acordo com o instituto, 92% dos votos válidos de eleitores evangélicos pentecostais –da qual a Universal faz parte– vão para o senador. Entre os não-pentecostais, a proporção é de 80%.
Os evangélicos representam 28% na amostra do Datafolha. É o grupo que menos declara voto nulo ou indecisão –14% entre os pentecostais e 17% entre não-pentecostais.
Desde a sua primeira tentativa de conquistar a Prefeitura do Rio, em 2004, Crivella sofre forte rejeição por seu vínculo com a Universal e seu líder, o bispo Edir Macedo, tio do candidato.
Esta, porém, é a primeira eleição que líderes evangélicos de outras denominações pentecostais apoiam Crivella.
Divergências históricas entre a Universal e as demais denominações minavam a força do grupo religioso entre esses fiéis nas últimas eleições. Nos últimos anos, porém, Crivella tem tentado construir pontes de diálogo com as lideranças de outras igrejas, como a Assembleia de Deus, maior pentecostal no país, bem como no Rio.
Cantor gospel de sucesso, Crivella compôs música em homenagem à Assembleia de Deus. Passou a defender no Senado causas que atendiam a todas as religiões.
A união dos eleitores evangélicos também foi reforçada pelas posições do adversário do senador no segundo turno. Freixo defende abertamente posições comportamentais distintas do que pregam esses credos, como descriminalização das drogas e do aborto.
Vídeo de 2011 divulgado há uma semana mostra Crivella reconhecendo que entrou na política, a contragosto, por determinação da Universal. Ele afirma que a missão do evangélico na política é "levar o Evangelho a todas as nações da Terra".
O bispo licenciado termina a campanha com críticas severas à imprensa, após a divulgação de textos e pregações suas com teor intolerante contra outras religiões e homossexuais. O principal alvo tem sido a TV Globo. A Universal tem ligações com a concorrente da emissora, a TV Record.