segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Durante os Jogos, Brasil quer receber lista de passageiros 72 h antes do voo

Rubens Valente - UOL

Polícia Federal deverá receber, ainda durante os Jogos Olímpicos, com 72 horas de antecedência a lista de passageiros que embarcam no exterior com destino ao Brasil, disse nesta segunda-feira (1) o chefe da Interpol no país, Valdecyr Urquiza Júnior, que também atua como delegado da PF.
Durante a inauguração do centro internacional de cooperação policial da PF que funcionará durante a Olimpíada e a Paraolimpíada , o delegado afirmou que os entendimentos com a Interpol já estão concluídos e o novo procedimento deve entrar em vigor "no curso dos Jogos".
Os nomes dos passageiros serão cruzados com uma listagem internacional de 3.000 pessoas suspeitas de terrorismo e outros 44 mil de crimes de outra natureza.
Atualmente, os nomes dos passageiros são enviados ao Brasil a partir do momento em que o avião inicia os procedimentos de decolagem. Com um prazo maior para pesquisa e checagem, a PF espera poder até mesmo impedir o embarque do passageiro ao Brasil com a comunicação prévia ao país de origem.
Na inauguração do CCPI (Centro de Cooperação Policial Internacional), uma sala com telões e computadores na Superintendência Regional da PF em Brasília, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, e o diretor-geral da PF, Leandro Daiello, disseram que o sistema de cooperação internacional montado pelo Brasil para a Olimpíada é o maior da história do país e da Interpol.
Segundo Daiello, sistema semelhante já foi utilizado para a Copa do Mundo de 2014, "quando já obteve êxito e a segurança foi reconhecida como um dos pontos mais importantes" da competição. Na época participaram 22 policiais de oito países.
A cooperação agora se ampliou. Para os Jogos do Rio serão 250 policiais de 55 países atuando em conjunto com policiais federais brasileiros, que trabalharão 24 horas por dia na checagem e cruzamento de informações sobre cidadãos estrangeiros que estão no Brasil ou se preparando para chegar ao país. Na Olimpíada, haverá 62 policiais estrangeiros em Brasília e 101 no Rio de Janeiro. Os demais policiais chegarão ao Brasil para as Paraolimpíadas.
Os policiais estrangeiros participam do sistema ao checar os nomes de compatriotas diretamente nos bancos de dados de seus países de origem.
O ministro da Justiça informou que também foi acionado para a Olimpíada um novo sistema de coleta e checagem de impressões digitais de todos os passageiros que desembarcam no Brasil. As digitais estão sendo coletadas por aparelho no momento em que o passageiro está na fila de espera do posto de controle de imigração no aeroporto.
Segundo o ministro, o sistema já permitiu identificar, na última quarta-feira (27), um passageiro proveniente de Londres e natural do Qatar contra o qual havia um mandado de prisão expedido no exterior por estelionato. O passageiro foi deportado no mesmo dia, disse o ministro.
Além da checagem dos nomes e documentos dos passageiros e de suas impressões digitais, a PF também utiliza sistema de reconhecimento facial, informou o chefe da Interpol no Brasil. As imagens são coletadas em diversos pontos de circulação, como aeroportos ou arenas esportivas.
Indagado se o Brasil está "100%" preparado para evitar um ataque terrorista durante a Olimpíada, o ministro da Justiça disse que a afirmação é "impossível" de ser feita.
"O Brasil está totalmente preparado como todos os países do mundo que tem a melhor preparação. Nenhum país do mundo, e ninguém pode afirmar que 100% que não ocorrerá um crime, um ato, isso é uma afirmação impossível, seja no Brasil, nos Estados Unidos, na Europa. O que eu posso afirmar é que nós fizemos a lição de casa. Tudo de mais moderno, tudo que há de integração com outros país, informação e inteligência, nós temos no Brasil. Então nós estamos preparados para qualquer eventualidade", afirmou o ministro.
Segundo o ministro, o sistema de segurança dos Jogos se preocupa basicamente "com dois pontos". O primeiro, "a possibilidade de se prender criminosos internacionais que estejam ainda foragidos e que eventualmente venham ao Brasil".
"E o segundo, até em virtude dos acontecimentos que vêm [sendo registrados], numa sequência no mundo todo, é a troca de informações, maior integração, para que nós possamos captar qualquer possibilidade de atos terroristas", disse Moraes.
Um outro CCPI (Centro de Cooperação Policial Internacional) deverá ser inaugurado nesta terça-feira (2) no Rio de Janeiro.

Treinamento do BOPE para a Olimpíada de 2016

Abrir galeria em tela inteira
Policiais do Bope participam de simulação de emergência para a Olimpíada de 2016, em estação de ônibus próxima ao campo de golfe Por: Yasuyoshi Chiba/AFP 11/02/2015
[6 de 10]