Foi a Rede que abriu a porta pela qual a ex-presidente Dilma manteve seus direitos políticos de se eleger e se habilitar a cargo público. Com isso, teoricamente, ela poderá até se candidatar em 2018. À presidente ela não poderia porque a terceira eleição seguida ao mesmo cargo é proibida. Se pudesse, seria uma das adversárias de Marina, da própria Rede.
A ex-ministra Marina tem estado na frente nas pesquisas de intenção de votos. Na última eleição, ela foi fulminada pela campanha de Dilma Rousseff com a tal técnica de “desconstrução”, na qual João Santana era especialista. Além disso, Dilma fez um governo que, durante todo o tempo, derrotou bandeiras caras ao ambientalismo e passou por cima de direitos dos indígenas com hidrelétricas como a de Belo Monte e as planejadas para o Rio Tapajós. O complexo do Tapajós não foi adiante porque o governo caiu.
Apesar desse histórico, que afeta diretamente o ideário da Rede, parlamentares como o deputado Alessandro Molon e o senador Randolfe Rodrigues ficaram incondicionalmente ao lado do PT na briga política. Randolfe inclusive foi o autor da proposta que levou ao resultado que manteve os direitos políticos de Dilma. Apesar do esforço em plenário, que atraiu vários do PMDB para a tese, a ex-presidente sequer se referiu a essa vitória no seu pronunciamento. Nele, Dilma se colocou como defensora, entre outros grupos, dos índios. Faltou combinar com as tribos do Xingu.
A Rede perdeu uma oportunidade de se diferenciar, fazendo, claro, oposição ao governo Temer, mas sendo crítica da administração Dilma. Do jeito como se comportou, perdeu a chance de ser a terceira via no polarizado ambiente político brasileiro.