terça-feira, 30 de agosto de 2016

Discursos do PT e de Dilma estimulam os vândalos da democracia

Com Blog do Reinaldo Azevedo - Veja

Ao insistir na tese do golpe, o partido e Afastada dão a senha para o vale-tudo



Os movimentos pró-impeachment realizaram as maiores manifestações políticas da história do país. Como se sabe, nas centenas de cidade que abrigaram os protestos, não houve um só dano ao patrimônio público. Não se assistiu a um único confronto com a Polícia. Não se viu a ameaça da desordem. Ao contrário: para desespero da esquerda mixuruca, estudantes, trabalhadores e crianças faziam selfies com policiais militares, que, afinal, estavam no local para garantir a segurança do evento.
Na noite desta segunda, algumas dezenas de gatos pingados — não havia mais do que 200 pessoas (os manifestantes falam em três mil, o que é uma piada) — resolveram protestar contra a o impeachment na Avenida Paulista. E o fizeram nos moldes conhecidos. Houve uma tentativa de invasão da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). A Polícia Militar impediu. Objetos foram lançados contra os trabalhadores de farda. A resposta foram bombas de efeito moral e de gás lacrimogênio, que é uma das formas de que dispõem as ditaduras e as democracias para conter tumultos. Quando as bombas são jogadas por ditaduras, é muito provável que sejam injustas e estejam a serviço da barbárie. Quando lançadas por democracias, é quase certo que são justas e concorram para a civilização.
Assistiu-se ao espetáculo deplorável de sempre: obstrução da avenida, fogueira nas ruas, agressões a policiais, depredação. Impressionante!
No Senado, Dilma falava sobre a necessidade de governo e oposição se unirem para enfrentar os desafios do país — entendi o óbvio: tal união só é possível quando chefiada pelos petistas e esquerdistas afins. Se não for assim, ela não quer papo com ninguém. É assombroso!
Numa de suas respostas, a Afastada foi obrigada a reconhecer que estava tendo o seu direito de defesa assegurado e ainda fez algumas lisonjas aos senadores, sugerindo que, até ali, o golpe não havia se consolidado. E não se consolidaria caso ela não fosse condenada. Síntese de seu raciocínio brilhante: quando ela vence, então se faz justiça; quando ela perde, aí é o contrário. Ou ainda: se ela for absolvida, triunfou o Estado de Direito; se ela for condenada, então é golpe. Aquela senhora só reconhece as regras do jogo se ela ganhar. Não dá para levar a sério. Então ficamos assim: no Senado, a pregação da união, desde que com ela no comando; nas ruas, os seus apoiadores se encarregavam de literalmente botar fogo no circo e de espancar um homem que protestava contra a violência dos vândalos. O ato foi comandado por uma tal Central de Movimentos Populares, que é mais uma marca-fantasia criada por Guilherme Boulos
É evidente que o PT e Dilma são responsáveis indiretos pela violência. Afinal, se a presidente chama de “golpe” o triunfo da lei (no conteúdo e nos seus ritos), está convidando os seus seguidores a não aceitar o resultado do jogo e partir para a violência, já que, do outro lado, não estão também jogadores, mas sabotadores e inimigos, que precisam ser combatidos.
Os descolados
Os bandidos disfarçados de manifestantes da Paulista não eram muito diferentes do banditismo moral que lotava, segundo leio, as três salas que abrigaram, nesta segunda, a estreia do filme “Aquarius”, do tal Kleber Mendonça, aquele que pega dinheiro público para filmar e viajar para Cannes e que depois classifica a vontade popular e o triunfo da Constituição de golpe. Duas das salas ficam no Conjunto Nacional, na Paulista — do lado de fora, o pau comia. Do lado de dentro, os “descoletes” gritavam “Fora Temer”.
Mendonça aproveitou para depredar a história e o bom senso. Afirmou: “Eu adoro o meu filme, mas tenho que falar sobre tanta coisa que está acontecendo nesse país. Tem uma corja tomando o poder hoje à noite sem ter passado pelas urnas, eu precisava colocar isso. Estou muito desconfortável com essa situação.”
Corja boa era aquela que estava aboletada na Petrobras e que conduziu a empresa à ruina.
É o que sobrou à esquerda depois de seu espetacular naufrágio: depredação da ordem nas ruas e da verdade em ambientes fechados.