terça-feira, 30 de agosto de 2016

Votação do impeachment deve ficar para 4ª e atrapalha planos de Temer

DÉBORA ÁLVARES
LAIS ALEGRETTI
VALDO CRUZ
GUSTAVO URIBE

Folha de São Paulo


O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowski, afirmou na manhã desta terça-feira (30) que a votação do impeachment de Dilma Rousseff deve ocorrer somente na quarta (31). Isso porque ele pretende separar a fase de hoje, quando ocorrem os discursos dos senadores, da última etapa do julgamento, que é a votação em si.

O adiamento afeta os planos do presidente interino, Michel Temer, que pretende ir nesta semana à China para participar do encontro do G-20. Caso seja efetivado no cargo, esta será a primeira viagem internacional dele como presidente da República. Seu governo mobilizou a base aliada para tentar antecipar a conclusão para o final da noite desta terça.

Encerrado o depoimento Dilma, que esteve ao longo de toda a segunda-feira (29) respondendo perguntas dos senadores, a sessão do impeachment foi retomada nesta manhã. Está previsto o debate entre acusação e defesa, que terão uma hora e meia cada para se manifestar, além de mais uma hora para réplica e tréplica.

Em seguida, começa a fase dos discursos dos senadores, que só deve ocorrer a partir do meio da tarde. Até 10h, 61 deles estavam inscritos —cada um deles tem dez minutos para falar na tribuna. Com isso, a expectativa é de que as falas sigam até a madrugada.

A intenção de Lewandowski é encerrar a fase de discursos, interromper a sessão e, então, retomar os trabalhos para votar. Segundo o ministro, a votação demanda um rito específico e ele quer dar um espaço entre as etapas. Ele disse, ao abrir a sessão desta terça, que pretende retomá-la para o julgamento final entre 10h e 11h de quarta.

A decisão é mais uma ameaça para tentar fazer com que os parlamentares diminuam o tempo de discurso. No PMDB, por exemplo, a ideia é concentrar todas as falas no líder, Eunício Oliveira (CE), que deve discursar em nome do partido. Ao longo do dia, outras siglas podem fazer acordo semelhante, ou decidir reduzir, na informalidade, o tempo das respectivas falas.

Senadores pró-impeachment calculam que, neste momento, teriam ao menos 58 votos, mas trabalham para conseguir até 61.


Pedro Ladeira/Folhapress
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowksi
O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Ricardo Lewandowksi


TEMER

Com a possibilidade da votação final do impeachment se estender para a tarde de quarta-feira (31), o governo interino avalia a possibilidade de adiar para o sábado (3) o encontro marcado para a tarde de sexta (2) entre Michel Temer e o presidente chinês, Xi Jinping.

Para a reunião, o peemedebista precisaria embarcar no início da noite de quarta-feira, o que pode ser inviabilizado devido à necessidade de realização de uma cerimônia de posse no Congresso Nacional.

Com o risco de atraso no cronograma da etapa final, o presidente interino já descarta fazer uma parada em Xangai, onde participaria de encontro com empresários chineses e brasileiros.

Na China, Temer participará de reunião com o grupo G-20, marcada para os dias 4 e 5 de setembro. Ele pretende retornar ao Brasil para estar na abertura da Paraolimpíada em 7 de setembro.