sexta-feira, 1 de maio de 2015

Renan qualifica o ajuste de Dilma de ‘desajuste’. Cresce a guerra entre gangues

Com Blog do Josias



Decidido a migrar da condição de aliado para a de principal antagonista de Dilma Rousseff, o presidente do Senado e do Congresso, Renan Calheiros, divulgou um vídeo no qual toma as dores dos trabalhadores e desqualifica o pacote fiscal do governo: “Ajuste que penaliza o trabalhador é desajuste.”
Renan insinuou no vídeo, veiculado no portal do Senado, que o Planalto terá dificuldades para aprovar suas propostas: “O Congresso não será um mero espectador do ajuste fiscal.” De novo, ele fez pose de baluarte da defesa do emprego: “Os trabalhadores brasileiros podem ter certeza que o Congresso Nacional não fará o ajuste a qualquer preço.”
Divulgada neste Dia do Trabalho, a mensagem de Renan disputa espaço no noticiário com três peças levadas ao ar por Dilma nas redes sociais. Na véspera, o senador ironizara a decisão da presidente de não fazer o tradicional pronunciamento do dia 1º de Maio. Dilma porque “não tem o que dizer”, ele curucara. “Não há nada pior do que a paralisia, a falta de iniciativa.”
Para se diferenciar de Dilma, Renan reiterou sua proposta de que seja costurado um “pacto em defesa do emprego”. Enumerou providências que poderiam brotar do entendimento. Consistem basicamente na concessão de benefícios financeiros, tributários e creditícios para empresas que empregarem mais. Trata-se de uma pseudoiniciativa, já que Renan se manteve no terreno da retórica, abstendo-se de converter suas ideias em projetos de lei.
“O pacto em defesa do emprego pretende aliviar as dores dos mais vulneráveis, que precisam de mais cuidados”, disse Renan. “É um pacto transitório. Só permanecerá enquanto durar a recessão, até que o Brasil volte a crescer. Temos que ter o compromisso de não criar nenhuma regra que prejudique o trabalhador e que cause dano ao emprego.”
Sem citar o nome de Dilma, Renan fulminou o pacote fiscal da presidente com termos que não deixam dúvidas sobre o seu propósito de conspirar contra as medidas. “Não podemos fazer um ajuste míope, capenga, meramente trabalhista”, disse. “Os trabalhadores brasileiros podem ter certeza que o Congresso Nacional não fará o ajuste a qualquer preço”, reiterou.
Livre das responsabilidades do Executivo, o mandachuva do Legislativo animou-se a dar lições à presidente da República: “Ajuste digno desse nome é o que corta despesas, é o que aumenta a eficiência, é o que melhora a qualidade dos serviços públicos, é o que combate o desperdício.”
Renan prosseguiu: “Tudo isso antes de recorrer ao inapropriado aumento de impostos que sobrecarrega o já pesado fardo dos contribuintes, aumento das tarifas públicas ou aumento dos juros. Por isso proponho em nome do Congresso Nacional o pacto pela defea do emprego.”
O senador deu a entender que a imperícia de Dilma em lidar com a doença econômica que ela ajudou a agravar acabe impondo sacrifícios desnecessários ao paciente: “Não podemos agir como aquele cirurgião que economiza custos e faz a cirurgia sem anestesia. Tampouco podemos anestesiar e não fazer a cirurgia. É preciso extrair o tumor, mas sem dor, ou com o mínimo de dor, com o mínimo de sofrimento. O pacto em defesa do emprego pretende aliciar as dores dos mais vulneráveis.”