sexta-feira, 1 de maio de 2015

"A gota d'água", por Ilimar Franco

O Globo


          A nomeação de Delcídio Amaral para líder do governo no Senado azedou de vez as relações do presidente da Casa, Renan Calheiros, com o Planalto. Ele não perdoa o petista, por este, ainda na CPI da Petrobras, em 2014, ter dito que o ex-diretor da estatal Nestor Cerveró era homem de Renan. Ele já tinha atravessado na garganta o ministro Aloizio Mercadante, que, em 2007, atuou pela cassação de seu mandato.
PSB: 5 x maior. PPS: 1/3 da direção
A fusão com o PSB é um grande negócio para o PPS. O PSB é cinco vezes maior, mas o PPS terá um terço dos cargos de direção partidária. “Na negociação o PPS ficará com 30% da direção”, conta o senador Antonio Carlos Valadares. Por isso, mesmo sem abrir o verbo, parlamentares socialistas fazem reservas ao acordo. Alegam que 30% do PPS, com uma minoria de 20% do PSB, mudariam a correlação de forças interna. O PSB tem 3.969 vereadores, 444 prefeitos, três governadores, seis senadores, 34 deputados federais e 69 estaduais. O PPS tem 1.862 vereadores, 124 prefeitos, um governador, um senador, 11 deputados federais e 23 estaduais.
(A fusão) é uma má notícia para o governo. Reforça a oposição. Vejo como um movimento nesse sentido. Até porque estão se unindo com Roberto Freire e Rubens Bueno

Antonio Imbassahy
Ex-líder do PSDB na Câmara
Mudança de clima
Antes do tornado com o presidente do Senado, Renan Calheiros, o vice Michel Temer se deliciava com a brisa do café da manhã, sobre o ajuste fiscal com o ministro Joaquim Levy, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha e o líder do PMDB, Leonardo Picciani.
Quebra cabeça
O ministro Eduardo Braga (Minas e Energia) ganhou a parada contra o governador do Amazonas, José Melo, do PROS. Braga, que é do PMDB, do vice Michel Temer, vai nomear o superintendente da Suframa (Zona Franca de Manaus). Ele indicou para o cargo a ex-deputada Rebecca Garcia, do PP. Ela foi candidata a vice na sua chapa para o governo.
Financiamento eleitoral misto
A tese com mais chances de ser aprovada, na Comissão da reforma política da Câmara, é a do financiamento público com doações de pessoas físicas com limites. Mas é forte os que querem manter, com limites, as doações de empresas.
O voto distrital na Índia
Os tucanos estão exibindo a experiência indiana para combater a tese de que o voto distrital conduz ao bipartidarismo. Levantamento feito por um de seus quadros mostra que na Índia funcionam 36 partidos, sendo 25 nanicos. Em 1947, o Partido do Congresso, onde milita a família Gandhi, era uma espécie de partido único. (Informações adicionais abaixo.)
Jeitinho
Adeptos do distritão estão irados com o relator da reforma política, Marcelo Castro. Em enquete, com deputados, há sete opções. Mas o debate se restringe a duas. E duas usam “distritão”, que teria confundido entrevistados. (Dados da enquete no Blog da coluna.)
 
Entregando os pontos
O relator da reforma política, Marcelo Castro, está descrente na aprovação de qualquer mudança. Ele concluiu que há muita fragmentação e que fica tudo como está se não houver um acordo. No seu partido (PMDB) deu 38 x 15 pelo distritão.
O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PR), vai ficar com o comando da Sudam. Já está na Casa Civil o nome do ex-deputado Miriquinho Batista (PT-PA).
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Índia: voto distrital, 36 partidos e 25 nanicos
Os defensores do voto distrital, puro ou misto, usam muito o exemplo da Índia, entre outros, para negar que a adoção desse sistema conduza o parlamento ao bipartidarismo. Conhecer esses exemplos passou a ter relevância diante da votação da reforma política até o fim de maio na Câmara.

O país asiático é dividido em 29 estados e sete territórios, que elegem 552 deputados. Cada um desses estados tem direito a eleger um número de deputados de acordo com sua população. E cada um deles elege os seus em distritos regionais.

No caso da proposta do distrital misto, defendida pelo PSDB, os dados abaixo se aplicam à metade das cadeiras de cada um dos estados brasileiros. As outras 50% seriam preenchidas pelo atual sistema de voto proporcional. Com a ressalva de que aqui a divisão das cadeiras para a Câmara dos Deputados não é feita de acordo com a população. Se fosse esse o critério, São Paulo teria 110 deputados dos 513 ao invés de uma bancada de 70.

Abaixo dados sobre a Índia: 

Na Câmara indiana há 36 partidos, sendo 25 nanicos (com seis ou menos deputados). Mas só dois se revezam no poder, o BJP e o Partido do Congresso, ondem milita a família Gandhi. Uma das preocupações da reforma política no Brasil é acabar com esses partidos nanicos ou partidos Tiriricas.



A Índia é dividida em 29 estados e sete territórios. Cada um desses elege um número de deputados de acordo com o tamanho de sua população. A Câmara de lá tem 552 deputados.



Uttar Pradesh é o estado mais populoso. Ele elege 80 deputados. No último pleito elegeu candidatos de cinco partidos, sendo 71 do BJP, partido de direita, que governa a Índia e tem 281 deputados no Congresso da Índia.



Maharashtra elege 48 deputados. Desses, 23 são do BJP. Outros quatro partidos têm representantes.



West Bengal elege 42 deputados. Desses, 2 são do BJP. Outros quatro partidos têm representantes.



Bihar elege 40 deputados. Desses, 21 são do BJP. Outros oito partidos têm representantes.



Delhi, capital do país, elege sete deputados e todos eles são do BJP.