sexta-feira, 1 de maio de 2015

"Cheiro de Watergate", por Merval Pereira

O Globo



Em resposta a pedido do Estado de S. Paulo, baseado na lei de acesso à informação, a direção da Petrobras informou que foram eliminados os registros em áudio e vídeo das reuniões do Conselho de Administração que trataram de obras que estão sendo investigadas pela Operação Lava-Jato e a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Tudo com a participação da presidente Dilma na presidência do Conselho.

A explicação é que o Regimento Interno da estatal autoriza a eliminação dos vídeos depois que as atas das reuniões são aprovadas. A questão é que as atas não reproduzem os diálogos e as discussões, descrevendo apenas as decisões tomadas.

Não é a primeira vez que os registros, eletrônicos ou não, envolvendo Dilma Rousseff desaparecem. Quando ela era Chefe do Gabinete Civil, foi acusada de ter tido uma reunião com a então secretária da Receita Federal Lina Maria Vieira e pediu, segundo relato dela, para "agilizar a fiscalização do filho do senador Sarney".

Dilma negou o encontro e não houve registro dele nas agendas nem da Presidência nem da Receita Federal, e o vídeo que supostamente revelaria quem se encontrara com a presidente naquele dia nunca foi encontrado.

O presidente dos Estados Unidos, Richard Nixon, teve que renunciar ao cargo quando se descobriu, no desenrolar do escândalo de Watergate, que parte de uma fita da gravação de suas audiências fora adulterada.