segunda-feira, 13 de outubro de 2014

'Carteira defensiva' pode ser alternativa para o investidor se proteger em 2015


BIANCA PINTO LIMA, YOLANDA FORDELONE - O ESTADO DE S.PAULO

Empresas exportadoras ou com operações internacionais diversificadas, além do setor financeiro, lideram as recomendações para o próximo ano

As ações defensivas são a aposta do mercado para o investidor se "blindar" da piora macroeconômica esperada em 2015. Independentemente do desfecho eleitoral, que trouxe forte volatilidade à Bovespa nos últimos meses, a recomendação é buscar papéis menos expostos aos ciclos econômicos - que ajudem a manter a rentabilidade em meio ao baixo crescimento do Brasil e às instabilidades no exterior.
As empresas exportadoras ou com operações internacionais diversificadas, além do setor financeiro, lideram as recomendações das oito corretoras, bancos e assets ouvidas pelo Estado. O segmento educacional e as companhias que pagam bons dividendos também aparecem na lista.
Apesar de amargar um recuo de 3,95% nos últimos 12 meses, a ação ON da Ambev foi a mais indicada pelos analistas, com cinco recomendações. No ano da Copa do Mundo, o papel da cervejaria foi afetado por indefinições na área fiscal, o que prejudicou o seu desempenho.
Por pressão do setor, a alta do imposto para bebidas frias foi adiada diversas vezes. A nova previsão é janeiro de 2015, mas as alíquotas seguem indefinidas. Mesmo assim, segundo os analistas consultados, a empresa reúne fatores essenciais para o atual momento: boa geração de caixa, marca forte e mercado diversificado.
"Dado o complexo cenário macroeconômico, o primeiro ponto é buscar empresas que sejam exportadoras ou tenham operações no exterior", afirma Luiz Pinho, especialista em renda variável do UBS WM Brasil. O objetivo é tentar capturar a tendência de longo prazo de depreciação do real e fugir da desaceleração econômica no Brasil.
Esse raciocínio também vale para a Embraer, que recebeu três recomendações e é o segundo destaque da carteira, atrás da Ambev. Além de ter suas receitas atreladas ao dólar, a fabricante de aviões "está com as áreas financeira e empresarial bastante redondas e enxutas", diz Danilo de Júlio, da corretora Concórdia.
Mas os analistas alertam que será difícil neutralizar por completo a deterioração econômica - que atingirá de alguma forma a lucratividade das empresas. "Algumas companhias, no entanto, tendem a sofrer menos no médio e longo prazos, seja por possuírem caixa previsível, por serem boas pagadoras de dividendos ou por não estarem tão alavancadas", diz Sandra Peres, analista-chefe da Coinvalores.
A volatilidade também continuará presente: "Não será tanto como agora, que é um caso à parte, mas a oscilação vai ser mais forte do que em 2013 e 2012", comenta Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da TOV Corretora.
Outro setor que teve destaque na carteira é o de educação. A Ser Educacional recebeu duas indicações, mas Kroton e Estácio também foram citadas. "O segmento vem de uma expansão expressiva em 2014. E há uma demanda grande pelo serviço, que está ficando cada vez mais barato por conta dos ganhos de escala", diz Ivo Seixas, da Um Investimentos.
Estado consultou as corretoras Ativa, Clear, Concórdia, Coinvalores, TOV e Um Investimentos, o banco UBS e a BBT Asset.
Veja quais foram as ações mais indicadas:
Ambev ON
Recomendações: 5
Variação (12 meses): -3,95%
A decisão do governo de aumentar os impostos das bebidas a partir de 2015 trouxe volatilidade aos papéis da companhia, mas ainda assim as ações da Ambev foram as mais indicadas. Analistas destacam que a empresa é quase monopolista no setor e tem forte geração de caixa. “É um exemplo de empresa protegida contra a inflação. Como tem marca muito forte, consegue repassar preços”, diz o especialista em renda variável do UBS WM Brasil, Luiz Pinho.
Embraer ON
Recomendações: 3
Variação (12 meses): 19,05%
Fechou muitos contratos de longo prazo. “A receita da Embraer está atrelada ao dólar, o que ameniza a inflação”, diz Ivo Seixas, da Um Investimentos.
Bradesco PN
Recomendações: 2
Variação (12 meses): 18,52%
A empresa remunera bem os acionistas e tem bons índices de desempenho. “A carteira de crédito tem clientes de menor risco”, diz Lenon Borges, da Ativa. 
BM&FBovespa ON
Recomendações: 2
Variação (12 meses): -0,56%
Apesar do momento volátil do mercado financeiro, analistas afirmam que o negócio da Bolsa está em expansão e que a empresa possui boa margem Ebitda.
BR Foods ON
Recomendações: 2
Variação (12 meses): 11,01%
“A empresa está se expandindo no exterior e passou a apostar em produtos com maior margem, como os congelados”, diz Raphael Juan, da BBT Asset.
Cetip ON
Recomendações: 2
Variação (12 meses): 40,25%
Quando o mercado acionário está volátil, a primeira opção dos investidores é a renda fixa, o que deve beneficiar a Cetip, principal depositária destes títulos. 
Cielo ON
Recomendações: 2
Variação (12 meses): 32,04%
O ramo de negócio da Cielo sofre menos com a crise, pois as pessoas não param de comprar bens baratos no cartão, diz Fernando Góes, da Clear Corretora.
Itaú PN
Recomendações: 2
Variação (12 meses): 24,33%
Apesar da atual turbulência, os bancos têm tido boa rentabilidade. “Dentro do setor, o Itaú é um dos destaques”, aponta a analista da Concórdia, Karina Freitas.
Ser Educacional ON
Recomendações: 2
Variação (no ano*): 7,38% 
Independentemente do candidato que for eleito, a companhia vai continuar crescendo. Segundo analistas, está com preço atraente em relação aos concorrentes. 
* O IPO foi realizado em 29/10/2013
Suzano Papel PNA
Recomendações: 2
Variação (12 meses): 5,44%
A empresa é exportadora, o que faz com que a sua receita seja atrelada ao dólar. No próximo ano, analistas ainda projetam o real desvalorizado.
Telefônica Brasil PN
Recomendações: 2
Variação (12 meses): 6,56%
A empresa paga bons dividendos e tem grande fluxo de caixa. O mercado também tem boa perspectiva para a compra da GVT pela companhia.